Verna Fields, depois de uma indicação em 1974 por "Loucuras de Verão" (1973), recebe a estatueta pelo seu trabalho na edição do filme "Tubarão" (1975). À época, atribuiu-se o sucesso do filme, sobretudo, a ela e a John Williams, responsável pela composição da trilha sonora.
Em 1976, “Um Estranho no Ninho” (1975) fez história no
Oscar ao se tornar um dos raríssimos vencedores dos cinco principais prêmios –
Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator, Melhor Atriz e Melhor Roteiro (no
caso, Melhor Roteiro Adaptado). Tal consagração é absolutamente merecida, pois
o filme provou ter qualidades atemporais e ainda hoje permanece como um dos
mais emblemáticos a explorar o tema “liberdade individual vs. conformismo”. É
uma história que não envelhece, continua engraçado e comovente, e é uma das
grandes realizações do cinema americano em todos os tempos.
O feito de “Um Estranho no Ninho” é ainda mais
impressionante quando se observa a concorrência daquele ano. “Nashville” (1975),
“Tubarão” (1975), “Um Dia de Cão” (1975) e “Barry Lyndon” (1975) são trabalhos
de diretores que se tornaram verdadeiras lendas do cinema, e qualquer um poderia
ter levado o prêmio de Melhor Filme sem problemas. Esta foi realmente uma época
especial no cinema americano, quando obras tão autorais e ousadas quanto estas
– bem como outras indicadas em categorias importantes – eram a regra e não
exceção, e ainda conseguiam atrair o interesse do público.
Além dos cinco principais, vários dos demais indicados,
como “O Dia do Gafanhoto” (1975), “Shampoo” (1975), “Amarcord” (1973) e “Tommy”
(1975) são tão diferentes que simplesmente não poderiam ser feitos mais hoje.
São produtos de cineastas muito especiais, cuja criatividade não era tolhida
pelos estúdios – pelo contrário, era estimulada. E temas polêmicos estavam
presentes em vários dos filmes na disputa naquele ano: a homossexualidade,
importante componente em “Um Dia de Cão” (1975); o nazismo visto por um novo
ponto de vista em “O Homem na Caixa de Vidro” (1975); a liberação sexual
feminina discutida em “Shampoo”; o colonialismo e a exploração dos povos
subdesenvolvidos em “O Homem que Queria Ser Rei” (1975)... Analisando-se essas
obras, percebe-se que o cinema já discutiu mais frequentemente temas relevantes
para a sociedade (bem mais que hoje, pelo menos).
E o fato da maioria desses filmes ter sobrevivido ao tempo
e continuarem bons prova a força da produção cinematográfica e da premiação do
Oscar naquele ano. Sempre ouvimos da Academia a conversa de que eles divulgam a
excelência cinematográfica e premiam os melhores filmes do mundo. Em 1976, eles
realmente fizeram jus ao seu discurso, como poucas vezes desde então.
por Ivanildo Pereira
Foi justamente isso que eu comentei no post anterior: o feito de "Um Estranho no Ninho", uma das poucas obras a ter conquistado os cinco Oscars principais, é notável, especialmente se levarmos em consideração a excelente seleção de filmes do Oscar 1976.
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