A
CARTA (The Letter, 1940, 95 min)
Direção: William Wyler
Roteiro: Howard Koch,
baseado no romance de W. Somerset Maugham
Indicações: 1. Melhor Filme |
2. Melhor Diretor | 3. Melhor Atriz | 4. Melhor Ator Coadjuvante | 5. Melhor
Fotografia PB | 6. Melhor Edição | 7. Melhor Trilha Sonora
Nominadas
em 1941:
Bette Davis: A Carta || Ginger Rogers: Kitty Foyle || Joan Fontaine:
Rebecca, a Mulher Inesquecível || Katharine Hepburn: Núpcias de Escândalo ||
Martha Scott: Nossa Cidade
Bette Davis deve agradecer na eternidade a
chance que teve de trabalhar os mais diversos tipos de personalidade que
algumas mulheres podem desvendar ao longo de sua vida. De mentirosa a mocinha,
de louca a assassina, todos quase sempre sob a batuta de um diretor bastante
sensível, pronto pra tirar o sangue da atriz, sem que ela abandone a mais bela
das coisas da arte de atuar: a naturalidade. Despe-se de sua vaidade - e, por
isso, acho Kate Winslet tão parecida com Davis - com uma força muito natural,
mistificando a si própria como uma atriz inabalável e inatingível. Simplesmente,
alguns nascem destinados a fazer exatamente aquilo, prova disso é o talento e
infinitas oportunidades que Davis encontrou em sua caminhada. Onde quer que ela
estivesse, aquele era o único lugar que ela deveria estar.
Em "A Carta" (1940), segunda parceria da atriz com o diretor William Wyler, novamente temos uma atriz entregue ao papel, consumida pelos mistérios e focada no destino de sua personagem. Fazer o espectador acreditar piamente naquilo que está vendo não é tarefa fácil, mas, como já citado, Bette Davis exala ar fresco, restando como única opção viver o drama que ela vive. Pouquíssimos atores tem esse poder de convencimento, de controle absoluto de cena e dos olhares.
Em "A Carta" (1940), segunda parceria da atriz com o diretor William Wyler, novamente temos uma atriz entregue ao papel, consumida pelos mistérios e focada no destino de sua personagem. Fazer o espectador acreditar piamente naquilo que está vendo não é tarefa fácil, mas, como já citado, Bette Davis exala ar fresco, restando como única opção viver o drama que ela vive. Pouquíssimos atores tem esse poder de convencimento, de controle absoluto de cena e dos olhares.
Leslie Crosbie, personagem de Davis em "A Carta", é um prato cheio para a destemida atriz, que habitualmente deita e rola com a história dessa mulher com aspectos duais. Leslie é americana e mora na Ásia com o marido (Herbert Marshall) e, num dia qualquer, após momentos de desespero acaba matando um homem que tentou violentá-la. Com o apoio de marido e do advogado, Leslie alega legítima defesa. O que a mulher não contava era com o aparecimento da viúva em posse de uma carta, revelando uma ligação muito maior entre vítima e suspeito.
O desespero anda de mãos dadas com Leslie, que além de temer que seu segredo seja desvendado, também assume uma postura enigmática quanto ao limiar de todos os problemas. Na verdade, se existe, sobretudo, falhas na condução do filme, provavelmente essa se perde na poderosa presença de Davis, que não deixa mais espaço para outra conclusão. Leslie esbanja comprometimento mesmo nas cenas mais descartáveis, em que a tensão de sua postura simplesmente não cai, pelo contrário, é como alimentar dragões.
A personagem no filme rendeu a quarta indicação oficial de Bette Davis ao Oscar, que, naquele ano, nem ela e nem Katharine Hepburn tiveram chances contra Ginger Rogers, premiada pelo papel em “Kitty Foyle” (1940). Embora não seja dos melhores filmes da carreira da atriz, Bette Davis reúne todos os pré-requisitos para estar em qualquer lista de qualquer prêmio.
por
Gustavo Pavan
2 comentários:
Ainda não assisti "A Carta", mas o Gustavo está de parabéns pelo excelente texto!
Que gentileza, Kamila. :)
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