LÁGRIMAS AMARGAS (The Star, 1952, 89 min)
Direção: Stuart Heisler
Roteiro: Dale Eunson e
Katharine Albert
Indicação: Melhor Atriz
Nominadas em 1953: Bette Davis: “Lágrimas Amargas” || Joan Crawford: “Precipícios d’Alma”
|| Julie Harris: The Member of the
Wedding || Shirley Booth: “A Cruz da Minha Vida” || Susan Hayward:
“Meu Coração Canta”.
Nos primeiros
minutos de “Lágrimas Amargas” (1952) há uma cena maravilhosa, na qual a
protagonista Margaret Elliott, uma estrela de cinema em decadência, pega seu
Oscar e sai de carro com ele. Ela diz: “Vamos lá Oscar, vamos nos
embebedar!”. Ninguém mais a contrata, ela é temperamental e insegura –
acha, não sem um pouco de razão, que está ficando velha, e o tempo é cruel com
as atrizes de cinema, como bem sabemos. Após um incidente provocado pela
bebedeira, ela consegue refúgio na casa de Jim (o sempre fantástico Sterling
Hayden). Jim teve uma breve carreira como ator graças à Margaret, e ele não
esconde de ninguém que a ama. No entanto, Margaret planeja dar a volta por
cima, e tem o projeto ideal para isso: a adaptação do livro O Inverno Fatal.
O problema é que a estrela quarentona quer fazer o papel da protagonista
adolescente...
“Lágrimas
Amargas” pinta um retrato um pouco triste de Hollywood, e a personagem de Bette
Davis lembra em alguns momentos a Norma Desmond de “Crepúsculo dos Deuses”
(1950), o maior de todos os filmes já feitos sobre o lado negro do cinema. No
entanto, não há comparações entre os filmes, e o diretor Stuart Hefler não é
nenhum Billy Wilder. O longa possui alguns tons melodramáticos e sua conclusão
é contraditória – o final triste onde o estrelato é mostrado como vazio não
combina com um projeto que só foi realizado por causa da estrela Bette Davis.
O elenco, fora
Hayden, também não se destaca muito – podemos ver, no entanto, no pequeno papel
da filha de Margaret a futura estrela Natalie Wood, simplesmente adorável. É
Bette Davis a verdadeira razão para se assistir ao filme. O desempenho dela é
novamente sensacional, apesar do papel guardar algumas similaridades com a
Margo de “A Malvada” (1950). A cena na cabine de projeção, próxima ao final,
quando Margaret assiste ao teste de cena gravado para O Inverno Fatal, é
um dos grandes momentos da carreira de Davis. Ela até consegue ser má atriz,
passando por jovenzinha e tentando seduzir seu parceiro em cena, numa tentativa
patética de ganhar o papel principal do filme. “Lágrimas Amargas” é apenas
mediano, mas os pequenos momentos em que Bette Davis brilha ainda conseguem
torna-lo algo especial.
por Ivanildo Pereira
Um comentário:
Mais um filme da Bette Davis que eu não vi, mas adorei o texto do Ivanildo!
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