O ESCAFANDRO E A
BORBOLETA (Le Scaphandre et le Papillon,
2007, 112 min)
Produção: França | Reino Unido
Diretor: Julian Schnabel
Roteiro: Ron Harwood,
baseado no livro de Jean-Dominique Bauby
Elenco: Mathieu Almaric, Emmanuelle Seigner, Marie-Josée Croze,
Anne Consigny, Max von Sidow, Niels Arestrup, Jean-Pierre Cassell, Marina
Hands.
Síndrome do
Encarceramento. É essa a designação que ouvimos do médico que apresenta ao
francês Jean-Dominique Bauby sua atual condição. Na prática, significa que ele
está preso a seu próprio corpo, sem poder senão mexer o olho esquerdo, através
do qual enxergamos os primeiros 40 minutos do filme “O Escafandro e a
Borboleta” (2007), baseado no livro homônimo de Bauby. A síndrome adveio de um
acidente vascular-cerebral ocorrido em 8 de dezembro de 1995, quando Bauby
tinha 43 anos, e, apesar de algumas melhoras, nunca pôde se livrar dela.
Antes mesmo de
nos apresentar mais à doença, Julian Schnabel, diretor do filme, nos coloca na
mesma situação de Bauby: ver e compreender, sem, no entanto, poder
expressar-se. Não à toa, praticamente à primeira metade do filme nos mantêm
encarcerados como o próprio personagem – durante esse tempo de exibição, vemo o
mundo externo apresentado objetivamente através de uma lente (o olho esquerdo
de Bauby), isto é, vemos tudo aqui que ele vê sem valores subjetivos: a cortina
para a qual olha, as fotografias na parede, aqueles que o vêm visitar; já o
mundo interno nos é apresentado na forma de memórias e metáforas, sendo que
estas aludem retristamente às impressões do acamado que vive o paradoxo da
imobilidade do corpo e da liberdade inteclectual.
Apesar do drama
inerente à narrativa, o espectador não é cativado e comovido pela dor, mas por
momentos intercalados de uma narrativa lúcida que não se torna maniqueísta.
Assim, em vez de apenas acompanharmos o drama de um homem encerrado em si
mesmo, com uma precária (porém eficaz) forma de comunicação, somos apresentados
também às emoções daqueles que convivem com ele: sua fonoaudióloga Henriette,
que se mostra contente consigo e com ele quando finalmente estabelecem um
método de comunicação; Claude, a acompanhante solidária destinada a transcrever
o livro ditado por Bauby; e, especialmente, Céline, esposa de Bauby que é
obrigada a ditar a mensagem de seu ex-marido à amante dele, apesar do seu
notável desconforto com a situação.
A história de
Jean-Dominique Bauby, que faleceu dez dias após escrever seu livro, é uma
narrativa imagética. Schnabel não poupou esforços ao nos conduzir pelas
diversas formas de aprisionamento do personagem, a maioria delas associadas à
água, seja submerso e paralisado, seja emerso, porém solitário no meio so
oceano sobre um píer. Por outro lado, sua imaginação se apresenta num farfalhar
constante, em um panapaná do intelecto. As quatro indicações do filme – que de
certo modo remete a outro drama clássico, “Meu Pé Esquerdo” (1989), no qual uma
paralisia afeta o protagonista deixando-lhe livre apenas o movimento do pé
esquerdo – correspondem justamente às suas maiores qualidades.
INDICAÇÕES:
1. Melhor
Diretor: Julian Schnabel
2. Melhor Roteiro
Adaptado: Ron Harwood
3. Melhor
Fotografia: Janusz Kaminski
4. Melhor Edição:
Juliette Welfing
por Luís Adriano de Lima
Este filme é maravilhoso e muito impactante. Uma obra sensível que é uma verdadeira lição de vida. Um trabalho maiúsculo de Julian Schnabel com uma atuação maravilhosa de Mathieu Amalric.
ResponderExcluirEsse filme é tão lindo... Foi um dos responsáveis por me fazer apaixonar pelo cinema francês! Assisti esperando uma coisa e foi outra totalmente diferente: lição de vida mesmo, de como vemos o mundo.
ResponderExcluirGostei muito do blog, vou acompanhar!
Se possível, dá uma passadinha no meu :)
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