"Um Estranho no Ninho" - o grande vencedor de 1976.
A década de 70 no cinema americano foi marcada pela nova
geração de diretores e artistas que hoje se convenciona chamar de “a Nova
Hollywood”. Um novo grupo de realizadores, influenciados pelo que estava
acontecendo no cinema mundial da época, revitalizou o cinema americano, até
então combalido pelo fim do sistema dos estúdios. De todos os anos daquela
década, talvez 1975 tenha ficado marcado pelo alto nível de qualidade da
produção cinematográfica. E isso foi refletido no Oscar. Naquele ano, a relação
dos indicados ao prêmio principal é constituída de cinco filmes igualmente
excelentes, coisa que nem sempre acontece, ainda hoje. O épico satírico de
Stanley Kubrick “Barry Lyndon” (1975). “Tubarão” (1975) de Steven Spielberg, o
primeiro blockbuster de todos os
tempos e ainda hoje um dos maiores suspenses da história do cinema. O divertido
e eletrizante “Um Dia de Cão” (1975) de Sidney Lumet, baseado numa história tão
incrível que só poderia ser real e conduzida por um Al Pacino inspirado.
“Nashville” (1975), o épico musical do diretor Robert Altman que traça um
painel não apenas da musica country, mas da América da época. E “Um Estranho no
Ninho” (1975), a obra-prima sobre loucura e liberdade estrelada por Jack
Nicholson e comandada pelo diretor tcheco Milos Forman. Todos filmes
consagrados pelo tempo e dignos merecedores da estatueta. Em quantas ocasiões
do Oscar podemos dizer que, dos cinco principais concorrentes, todos eram
maravilhosos?
Mas houve outros trabalhos de destaque além dos cinco
candidatos a Melhor Filme. “O Homem da Caixa de Vidro” (1975) retomou o tema do
nazismo tão caro à Academia, conseguindo uma indicação. “Uma Dupla Desajustada”
(1975) reuniu dois grandes comediantes – Walter Matthau e George Burns – e
conseguiu uma vitória para este último na categoria coadjuvante. A
ópera-rock “Tommy” (1975) foi levada às telas em toda a sua glória pelo malucão
Ken Russell. “O Dia do Gafanhoto” (1975) tentou recontar a história antiga de
Hollywood por um prisma muito peculiar. “O Homem que Queria Ser Rei"
(1975) é mais uma obra-prima do diretor John Huston, que já havia realizado
outras anteriormente. O eterno iconoclasta Hal Ashby penou nas mãos de Warren
Beatty na comédia “Shampoo” (1975). E entre os estrangeiros, François Truffaut
e Federico Fellini realizaram dois dos maiores filmes de suas respectivas
carreiras, e abocanharam indicações importantes. “A História de Adèle H.”
(1975) de Truffaut mostra o quanto pode ser destrutivo o amor e é conduzido
pela brilhante atuação de Isabelle Adjani. E em “Amarcord” (1973), Fellini
recriou a sua infância não como foi, mas como gostaria que tivesse sido, com a
ajuda do cinema.
Porém entre todos estes filmes, são os cinco concorrentes
ao prêmio principal que permanecem firmes na memória cinematográfica ainda hoje.
Alguns até cresceram em estatura: “Tubarão” provou ser mais do que apenas um
mero arrasa-quarteirão, e “Barry Lyndon” foi, com o passar das décadas, de
fracasso de bilheteria a um dos destaques da carreira de Kubrick. Acompanhe a
equipe do E o Oscar Foi Para... ao
longo do mês, enquanto analisamos uma das edições mais fortes do Oscar: 1975,
um ano importantíssimo na história do cinema americano e mundial.
por Ivanildo Pereira
2 comentários:
Vou ficar antenado no blog, então.
Mas, sobre este ano, eu não vi Nashville (mas tenho ele pra assistir, já), porém o que mais gosto é Tubarão. Acho uma verdadeira obra-prima e talvez o meu Spielberg favorito. Logo em seguida, Barry Lyndon, uma obra-prima subestimada do Kubrick - que, como muitos críticos dizem, parece um quadro em movimento.
Eu gosto bastante de "Um Estranho no Ninho" e "Um Dia de Cão", mas algo me diz que ao longo desse mês nós nos surpreenderemos com os filmes que veremos, achando, inclusive, alguns que sejam melhores do que o filme de Milos Forman.
Postar um comentário