O HOMEM NA CAIXA DE
VIDRO (The Man in the Glass Booth,
1975, 116 min)
Produção: Estados Unidos
Direção: Arthur Hiller
Roteiro: Edward Anhalt
Elenco: Maximilian Schell, Lois
Nettleton, Lawrence Pressman, Luther Adler, Henry Brown, Leonardo Cimino.
Robert Shaw escreveu o livro The Man in the Glass Booth em 1967 e adaptou-a para o teatro ele
mesmo em 1968, tendo Donald Pleasence como o protagonista na peça homônima que
foi apresentado em 264 performances. Em 1975, Edward Anhalt adaptou o livro
tornando-o o roteiro desse filme dirigido por Arthur Miller, obra que fala
sobre Arthur Goldman, um milionário judeu que vive em Nova Iorque e que vive
com medo de que alemães o estejam seguindo, querendo terminar aquilo que não
conseguiram à época dos campos de concentração nazistas. Seus empregados o vêem
como um homem doente, de sanidade duvidosa, perdido entre o seu passado de
refugiado e o seu passado enquanto homem casado, tendo a esposa como companhia.
São surpreendidos, porém, quando as perseguições de que Goldman suspeita se
provam reais – no entanto, seus perseguidores querem justamente levá-lo a
tribunal para condená-lo por ser criminoso de guerra, tendo assassinado muitos
judeus durante o nazismo, antes de assumir a identidade de Goldman.
O nazismo é um tema bastante proveitoso na ficção, podendo
render bons enredos, como, por exemplo, se vê nas produções cinematográficas
“Decisão antes do Amanhecer” (1951), “Julgamento em Nuremberg” (1961), ou, mais
recentemente, “O Aprendiz” (1998) e “O Leitor” (2008). Há, porém, um fator que
torna “O Homem na Caixa de Vidro” (1975) bastante interessante: ele trabalha a
questão do disfarce, de um homem vivendo anos sob um nome – Goldman inclusive
se casou sem que sua esposa desconfiasse – para então ser descoberto como outra
pessoa. E é notável que Goldman – enquanto Goldman ou enquanto Dorff, seu
verdadeiro nome – é uma pessoa bastante desequilibrada, seu humor variando de
um extremo ao outro em pouquíssimo tempo, sendo ele, enquanto Goldman, um
profundo defensor dos judeus, e, enquanto Dorff, um anti-semita magistral.
Por um lado, o filme foi reconhecido – a Academia
indicou-o na categoria Melhor Ator, colocando na lista dos indicados Maximilian
Schell, que já havia concorrido ao prêmio e ganhado pelo filme de 1961 citado
acima, que, ironicamente, também aborda o nazismo. Por outro lado, o filme foi
lançado com bastante controvérsia, porque Robert Shaw, autor do romance
literário e da peça de teatro, não gostou do resultado final da obra fílmica e
pediu que seu nome fosse retirado dos créditos. Apesar da opinião do homem
responsável indiretamente pelo filme ser negativa, Edward Anhalt foi inclusive
nominado ao Writers Guild of America
Awards pelo seu trabalho no roteiro desse filme. Para a Academia, todavia,
Schell é o aspecto mais positivo da obra, por isso a única indicação ficou pra
ele.
INDICAÇÃO:
- Melhor Ator: Maximilian Schell
por Luís Adriano de
Lima
Um comentário:
Mais um filme sobre o qual ainda não tinha ouvido falar. Parabéns pelo ótimo texto, Luís!
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