O ASSASSINATO DE JESSE JAMES PELO COVARDE ROBERT FORD (The Assassination of Jesse James by the Coward
Robert Ford, 2007,160 min)
Produção: Estados Unidos | Canadá
Diretor: Andrew Dominik
Roteiro: Andrew Dominik, baseado no romance de Ron Hansen
Elenco: Brad Pitt, Casey Alffeck, Mary-Louise Parker, Broklynn Proulx, Sam
Rockwell, Jeremy Renner, Sam Shepard, Paul Schneider, Garret Dillahunt.
Logo quando “O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford”
(2007) dá as caras, em uma sequência que engloba desde bordas desfocadas,
uma coloração sépia e o sentimento de que o tempo passa de forma bucólica na
pele de quem já foi um perigoso assassino (àquela altura, com 34 anos e fora
dos negócios que lhe deram reconhecimento, era apenas um nômade misterioso que
esconde de seus filhos sua verdadeira carcaça), percebe-se claramente um
elemento que virá a se tornar presente durante todo o filme de Andrew Dominik:
a glória da figura de Jesse James (Brad Pitt) através da narração em off
que o poetiza como alguém equivalente a um Deus – “Os quartos pareciam
ficar mais quentes quando ele estava dentro deles. A chuva caía mais reta. Os
relógios andavam mais devagar. Os sons eram amplificados.”.
Sendo assim, Jesse James sempre é visto no aconchego de um pedestal, do
início ao fim, dos primeiros aos últimos frames – isso é comprovado inclusive
na cena de sua morte, quando é atingido pelas costas, mesmo sabendo que o tiro
viria, pelo jovem Robert Ford (Casey Affleck), enquanto está arrumando um
quadro em cima de uma cadeira, estando, portanto, mais alto do que seu próprio
assassino e admirador. Já por outro lado, o “covarde” responsável pela morte do
mito aqui retratado é o fracasso em carne-e-osso, sempre subestimado pelos
companheiros; uma grande ironia do destino, pode-se dizer.
Dividida em duas partes, o “antes” e o “depois” da morte de Jesse, a
teatralização desta história não cansa de fazer valer seu ritmo lento e
arrastado por conta justamente de uma fotografia inspiradora de Roger Deakins,
que exagera conscientemente no uso de câmeras com bordas desfocadas, dando o
devido toque dramático para certas cenas, ou então inovando com estéticas
deformadas.
Ao fim, por tudo que fora visto, vêm à mente um dos mais relevantes
faroestes de John Ford, tornando-se quase impossível não fazer uma ligação com
a célebre frase disparada em “O Homem que Matou o Facínora” (1962): “when
the legend becomes fact, print the legend.”.
INDICAÇÕES:
1. Melhor Ator
Coadjuvante: Casey Affleck
2. Melhor
Fotografia: Roger Deakins
por Bruno Barrenha
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