DESEJO E REPARAÇÃO (Atonement,
2007, 123min)
Produção: Reino Unido |
França
Diretor: Joe Wright
Roteiro: Christopher Hampton, baseado no romance de Ian McEwan
Elenco: Keira Knightely, James McAvoy, Saoirse Ronan, Brenda
Blethyn, Harriet Walter, Juno Temple, Romola Garai, Vanessa Redgrave, Alfie
Allen, Patrick Kennedy.
No contexto da
Segunda Guerra Mundial, mas muito distante dos campos de batalha (pelo menos
durante a primeira metade do filme), Robbie Turner (James McAvoy) é filho do
caseiro que cuida da mansão familiar onde vivem as irmãs Cecilia (Keira
Knightley) e Briony Tallis (aos 13 anos, interpretada por Saoirse Ronan), sendo
a primeira delas amante de Robbie. A segunda, uma menina de mente fértil e com
certo dom para a escrita, acusa o rapaz de um crime que não cometeu, fato que
acaba mandando-o para a prisão e, como escapatória desta, o mesmo decide ir à
guerra – logicamente, o intenso amor entre ele e a irmã de Briony é
interrompido, assim como a relação de Cecilia com a família.
“Desejo e
Reparação” (2007) engatinha seus primeiros passos com
um feixe de luz entrando pela janela e iluminando o caminho do quarto da jovem
Briony em que estão enfileirados animais de brinquedo. Enquanto isso, ela
termina sua primeira peça em uma máquina-de-escrever, a qual, pelo menos nessa
sequência inicial, possui uma relevância tanto estética quanto narrativa –
antes mesmo do primeiro frame já é possível ouvir seu ruído e até na
trilha sonora se faz manifesto. Interessante, aliás, ver como este cenário
sonoro é montado através de conexões de sons que permeiam determinada cena e
sua respectiva trilha musical, criando uma diegese entre a orquestra e os
barulhos (a abelha, a floresta, os passos etc.).
Outro elemento
indispensável para a forma tomada pelo filme, deixando-o mais “singular”, é a
edição: funciona num constante vai-e-vem, ora ajudando a aumentar a tensão da
cena, ora nos posicionando em outro ponto-de-vista, o que cria uma diferente
aura para o que já sabíamos (ou parecíamos saber). Assim, em momentos como a
primeira relação entre Cecilia e Robbie, antes de ser mostrada por completo, ou
seja, quando ainda era vista pelos olhos de Briony, não sabíamos direito o que
se passava, e então criávamos uma suposição que apenas adensava aquele
conflito.
Em meio às
certezas garantidas por Robbie em suas cartas para Cecilia (“eu vou voltar,
encontrar você, amar você, casar-me com você e viver sem vergonha”), a mão
do diretor Joe Wright acerta em cheio em cada uma das sequências, sempre
acompanhadas por uma música com harmonias de superação ou uma fotografia
deslumbrante – anterior ao caso que colocara Robbie em apuros, percebe-se que o
visual do filme possuía uma luz estourada, um branco (de paz, tranquilidade)
muito evidente, enquanto que em cenários como os de guerra tudo fica bastante
obscuro. É então que surgem os melhores momentos de toda a projeção, como o
inexplicável (de tão bonito e melancólico) plano-sequência em que se descobre a
praia onde estão soldados britânicos esperando para retornar à casa.
INDICAÇÕES (1 vitória):
1. Melhor Filme:
Eric Fellner, Paul Webster e Tim Bevan
2. Melhor Atriz
Coadjuvante: Saoirse Ronan
3. Melhor Roteiro
Adaptado: Christopher Hampton
4. Melhor
Fotografia: Seamus McGarvey
5. Melhor Direção
de Arte: Katie Spencer e Sarah Greenwood
6. Melhor
Figurino: Jacqueline Durran
7. Melhor Trilha
Sonora: Dario Marianelli – venceu
por Bruno Barrenha
2 comentários:
"Reparação" é um livro forte e complexo e, na minha opinião, o trabalho de adaptação cinematográfica foi excelente, com um trabalho de direção perfeito de Joe Wright, apesar do ato na guerra ser muito lento e arrastado. Adoro também o trabalho do diretor com o elenco, especialmente com Saoirse Ronan e Romola Garai, que, na minha opinião, teve a atuação mais subestimada daquele ano. Soberba, a Romola!
Dario Marianelli sempre acerta.
Postar um comentário