domingo, 12 de janeiro de 2014

Desejo e Reparação



DESEJO E REPARAÇÃO (Atonement, 2007, 123min)
Produção: Reino Unido | França
Diretor: Joe Wright
Roteiro: Christopher Hampton, baseado no romance de Ian McEwan
Elenco: Keira Knightely, James McAvoy, Saoirse Ronan, Brenda Blethyn, Harriet Walter, Juno Temple, Romola Garai, Vanessa Redgrave, Alfie Allen, Patrick Kennedy.

No contexto da Segunda Guerra Mundial, mas muito distante dos campos de batalha (pelo menos durante a primeira metade do filme), Robbie Turner (James McAvoy) é filho do caseiro que cuida da mansão familiar onde vivem as irmãs Cecilia (Keira Knightley) e Briony Tallis (aos 13 anos, interpretada por Saoirse Ronan), sendo a primeira delas amante de Robbie. A segunda, uma menina de mente fértil e com certo dom para a escrita, acusa o rapaz de um crime que não cometeu, fato que acaba mandando-o para a prisão e, como escapatória desta, o mesmo decide ir à guerra – logicamente, o intenso amor entre ele e a irmã de Briony é interrompido, assim como a relação de Cecilia com a família.

“Desejo e Reparação” (2007) engatinha seus primeiros passos com um feixe de luz entrando pela janela e iluminando o caminho do quarto da jovem Briony em que estão enfileirados animais de brinquedo. Enquanto isso, ela termina sua primeira peça em uma máquina-de-escrever, a qual, pelo menos nessa sequência inicial, possui uma relevância tanto estética quanto narrativa – antes mesmo do primeiro frame já é possível ouvir seu ruído e até na trilha sonora se faz manifesto. Interessante, aliás, ver como este cenário sonoro é montado através de conexões de sons que permeiam determinada cena e sua respectiva trilha musical, criando uma diegese entre a orquestra e os barulhos (a abelha, a floresta, os passos etc.).

Outro elemento indispensável para a forma tomada pelo filme, deixando-o mais “singular”, é a edição: funciona num constante vai-e-vem, ora ajudando a aumentar a tensão da cena, ora nos posicionando em outro ponto-de-vista, o que cria uma diferente aura para o que já sabíamos (ou parecíamos saber). Assim, em momentos como a primeira relação entre Cecilia e Robbie, antes de ser mostrada por completo, ou seja, quando ainda era vista pelos olhos de Briony, não sabíamos direito o que se passava, e então criávamos uma suposição que apenas adensava aquele conflito.

Em meio às certezas garantidas por Robbie em suas cartas para Cecilia (“eu vou voltar, encontrar você, amar você, casar-me com você e viver sem vergonha”), a mão do diretor Joe Wright acerta em cheio em cada uma das sequências, sempre acompanhadas por uma música com harmonias de superação ou uma fotografia deslumbrante – anterior ao caso que colocara Robbie em apuros, percebe-se que o visual do filme possuía uma luz estourada, um branco (de paz, tranquilidade) muito evidente, enquanto que em cenários como os de guerra tudo fica bastante obscuro. É então que surgem os melhores momentos de toda a projeção, como o inexplicável (de tão bonito e melancólico) plano-sequência em que se descobre a praia onde estão soldados britânicos esperando para retornar à casa. 

INDICAÇÕES (1 vitória):
1. Melhor Filme: Eric Fellner, Paul Webster e Tim Bevan
2. Melhor Atriz Coadjuvante: Saoirse Ronan
3. Melhor Roteiro Adaptado: Christopher Hampton
4. Melhor Fotografia: Seamus McGarvey
5. Melhor Direção de Arte: Katie Spencer e Sarah Greenwood
6. Melhor Figurino: Jacqueline Durran
7. Melhor Trilha Sonora: Dario Marianelli – venceu

por Bruno Barrenha

2 comentários:

Kamila disse...

"Reparação" é um livro forte e complexo e, na minha opinião, o trabalho de adaptação cinematográfica foi excelente, com um trabalho de direção perfeito de Joe Wright, apesar do ato na guerra ser muito lento e arrastado. Adoro também o trabalho do diretor com o elenco, especialmente com Saoirse Ronan e Romola Garai, que, na minha opinião, teve a atuação mais subestimada daquele ano. Soberba, a Romola!

Lorena Sabino disse...

Dario Marianelli sempre acerta.