quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Nicole Kidman: "As Horas"



NICOLE KIDMAN (20/06/1967 – Honolulu, Estados Unidos)
Primeiro filme: Bush Christmas (1983)
Principais trabalhos: “Dias de Trovão” (1990), “Um Sonho sem Limites” (1995), “Moulin Rouge – Amor em Vermelho” (2001), “As Horas” (2002).
Indicações ao Oscar: 2002 – Melhor Atriz: Moulin Rouge – Amor em Vermelho || 2003 – Melhor Atriz: As Horas – venceu || 2011 – Melhor Atriz: Reencontrando a Felicidade

A australiana Nicole Kidman, desde os seus primeiros trabalhos, sempre foi um nome promissor. Muitas vezes angariada pelo casamento com o astro Tom Cruise, de quem se separou em 2000, a atriz parece viver à sombra do sucesso do marido, apesar de já ter muitas vezes se destacado em suas interpretações e, inclusive, sido reconhecida por isso, como é o caso do filme “Um Sonho sem Limites” (1995), que lhe rendeu o Globo de Ouro de Melhor Atriz em Comédia/Musical em 1996. No entanto, foi a partir de 2000 – coincidentemente depois do seu divórcio – que a atriz ruiva se tornou notória e, mais do que isso, conquistou o grande público devido ao apelo bastante popular dos filmes que estrelou. Somente na primeira metade da década passada, Kidman esteve recorrente nos grandes filmes: sejam eles aclamados pela crítica, pelo público ou, ainda, pelos dois – podemos citar: “Os Outros” (2001), suspense que se aparenta com “O Sexto Sentido” (1999), mas, apesar das semelhanças, guarda sua expressão própria; “Moulin Rouge – Amor em Vermelho” (2001), considerado como a reinvenção do gênero musical; “As Horas” (2002), drama aclamadíssimo de Stephen Daldry, que conta também com Meryl Streep e Julianne Moore; “Dogville” (2003), incursão da atriz na equipe do excêntrico e perturbador Lars Von Trier; “Reencanação” (2004), filme polêmico que trata questões bastante delicadas sobre a dialética vida-morte. A partir de 2005, uma série de más escolhas fez com que Kidman ficasse associada a filmes de gosto duvidoso e perdesse parte de sua credibilidade. Nosso foco, porém, é justamente o ano de 2002, quando a atriz participou da fita que lhe valeria seu único Oscar como Best Actress in a Leading Role.

Sua participação no filme de Stephen Daldry dura apenas 28 minutos – curioso notar que ela fica menos tempo em cena do que Julianne Moore (33 minutos), indicada na categoria de atriz coadjuvante. Contudo, apesar do pouco tempo, a atriz arrebatou os votantes com sua composição de uma Virginia Woolf bastante perturbada, cheia de questionamentos sobre o que vale mais entre viver numa prisão disfarçada ou morrer, mesmo que isso signifique matar-se. Como ela mesma diz num determinado momento, “é preciso que alguém morra para que os outros valorizem a vida” – e, ironicamente, como se sabe tanto pela História quanto pelo filme, a própria Virginia Woolf acabou se suicidando. Para compor uma personagem tão introspectiva e ensimesmada, voltada mais para os seus pensamentos, aflições e perturbações do que para o mundo ao seu redor, Nicole se afunila mais em olhares do que em gestos e seus olhos dizem mais que qualquer movimento seu ao longo de toda a trama. Sua interpretação se concentra nas suas expressões e no seu tom de voz, sendo eles toda a essência da transformação da atriz Nicole Kidman na personagem Virginia Woolf. Num primeiro momento, aliás, é bastante difícil enxergar uma na outra e isso não se deve apenas ao trabalho de maquiagem, bastante eficiente – se deve realmente ao envolvimento de uma atriz expansiva como Kidman numa personagem tão interiorizada quanto Woolf. Começo esse parágrafo citando justamente o tempo em cena da atriz a fim de fazer o seguinte contraste: apesar de efetivamente não aparecer no filme nem por ¼ de tempo de sua duração, a expressão de inquietude que refrange a personagem dura o tempo todo em nossa mente, mesmo quando estão as outras atrizes em cena. “As Horas” marcou a primeira vitória de Kidman, sendo que ela também havia sido nominada no ano anterior pelo musical comandado por Baz Luhrmann e seria ainda nominada em 2011 pelo trabalho “Reencontrando a Felicidade” (2010), de John Cameron Mitchell.

por Luís Adriano de Lima

4 comentários:

Serginho Tavares disse...

vale lembrar outro excelente trabalho dela em Dogville!
em AS Horas o justo seria que ela dividisse o prêmio com a Julianne Moore e a Meryl Streep mas como não foi possível que tenha sido a Nicole por tudo o que filme representa!

renatocinema disse...

Adoro os trabalhos de Nicole Kidman, que no meu gosto pessoal só perde para Natalie Portman.

As Horas é um grande filme com atuação perfeita de minha deusa Kidman.

Abraços

Amy B. disse...

Acredito que a vida pessoal da Nicole, afeta muito a sua carreira e é assim com toda grande estrela.Ela faz parte do seleto grupo de GRANDES ATRIZES que também são DIVAS.
As Horas é a obra prima do Daldry,Nicole está inspirada e ganhou merecidamente o Oscar.
:)Adorei, Luís Adriano :)

Rodrigo Mendes disse...

A melhor fase na carreira de Nicole que parece que vai dar a volta por cima interpretando Grace Kelly.

"As Horas" é extraordinariamente envolvente. A vida dessas mulheres me fascina!

Abs.