INDICADOS:
- “A Insustentável Leveza do Ser” (1988):
Jean-Claude Carrière e Phillip Kaufman
- “Ligações
Perigosas” (1988): Christopher Hampton
- Little
Dorrit (1988): Christine Edzard
- “Nas Montanhas dos Gorilas” (1988): Anna
Hamilton Phelan e Tab Murphy
- “O Turista Acidental” (1988): Frank
Galati e Lawrence Kasdam
A edição do Oscar de 1989 chegou com
algumas gratas surpresas na categoria de Melhor Roteiro, tanto adaptado, como
original. Filmes fortes, sensíveis, mas que preservaram uma leveza muito
apreciada pela Academia: A simplicidade em contar histórias que edifiquem o ser
humano. Edificar aqui pode ser tornar-se mais aberto ao mundo, gargalhar de
aventuras ensandecidas ou, quem sabe, transpor o Cinema à vida real, mas mesmo
assim, edificar-se.
Os roteiros adaptados chegaram com gás rejuvenescedor. Cinco bons filmes com cinco boas histórias. "Nas Montanhas dos Gorilas", que trazia toda a sensibilidade de Sigourney Weaver no papel da antropóloga Dian Fossey, talvez fosse dos mais fracos entre os indicados, mas, de qualquer forma, merecia estar ali. A história de devoção de uma naturalista norte-americana conquista em poucos minutos, principalmente pelo roteiro determinado de Anna Hamilton, que executou de forma sutil o relacionamento de uma mulher com os gorilas de Ruanda.
Mais adiante, surge a genialidade de "A Insustentável Leveza do Ser", que, embora sofra com a máxima de ser preterido em relação a obra literária, se consiste num dos melhores roteiros daquele ano. A trama de amantes confundidos com a guerra tem uma profundidade admirável, graças ao trabalho de Philip Kaufman, responsável pela direção e roteirização do longa. Kaufman é um gênio mundialmente reconhecido e carrega consigo o cedro de ter escrito uma envolvente história sobre paixão.
Na mesma noite, ainda sobrou espaço pra um roteiro baseado em livro homônimo de Charles Dickens, o inestimável Little Dorrit. A obra mostra duas visões diferentes de uma mesma relação, do homem e depois da mulher, acompanhando o crescimento daquele sentimento a partir do coração de cada um. Filme longo e incialmente feito para TV, arrebatou a Academia pela coragem de ser o que é: um incomum filme de amor, simplesmente.
Nessa nave, transportavam-se ainda dois grandes títulos do Cinema: "Ligações Perigosas" e "O Turista Acidental". O primeiro, vencedor do Oscar na categoria, era, indiscutivelmente, o filme a ser batido. E ninguém conseguiu bater Christopher Hampton, responsável pelo roteiro de Ligações Perigosas. Angariado pela impressionante presença de cena de Glenn Close e John Malkovich, essa história de traição, manipulação e sedução é uma verdadeira aula de como se fazer um filme de época. As falas, estrategicamente colocadas pelo roteiro, seduzem o espectador a entrar no perigoso jogo de futilidade e malícia que o filme abriga. Basicamente, o melhor roteiro da noite. Coisa que não ocorreu com “O Turista Acidental”, que mesmo sendo um ótimo filme, peca na falta de personagens apaixonantes, soando mais como "apenas um bom roteiro".
INDICADOS:
- “Um Peixe Chamado Wanda” (1988): Charles
Crichton e John Cleese
- “O Peso de um Passado” (1988): Naomi
Foner
- “Quero Ser Grande” (1988): Anne Spielberg
e Gary Ross
- “Rain
Man” (1988): Barry Morrow e Ronald Bass
- “Sorte no Amor” (1988): Ron Shelton
Três dos cinco filmes indicados a Melhor
Roteiro Original eram comédias, em sua maioria despretensiosas, carismáticas e
muito bem interpretadas. Tanto em "Quero Ser Grande", quanto em
"Um Peixe Chamado Wanda" e "Sorte no Amor", o que
prevalecia era a mesma simplicidade de querer contar uma história charmosa.
“Sorte no Amor”, com roteiro de Ron Shelton, contava não só com esse sensacional trabalho de roteirização, mas também com um trio muito eficiente na hora de atuar. Susan Sarandon, Tim Robbins e Kevin Costner transformaram uma história tipicamente americana (afinal, tem o beisebol ali no meio) num elegante desafio de amor que pode ser empregado em qualquer parte do mundo. A "maria-chuteira" interpretada por Sarandon fica a par dos diálogos mais inspirados da obra. Desbocada, safada e inteligente, essa comédia conquistou seu espaço na noite, sendo esta sua única indicação. Em “Quero Ser Grande”, figurinha carimbada das nossas Sessões da Tarde, é Tom Hanks que empresta seu corpo para dar forma ao pobre menino esquecido que quer se tornar grande... e consegue. O trabalho escrito é arejado, mesmo que seja clichê e o filme se torne totalmente previsível. Hoje é clichê, naquela época talvez não fosse. Matar a criança que somos e dar lugar a um adulto, que reproduzirá atitudes infantis para, por fim, voltar a ser criança com uma daquelas boas lições de moral sobre amizade e ternura é, sim, clichê, mas é bom, é divertido. É um "De Repente 30" (2004) infinitamente melhor.
“Sorte no Amor”, com roteiro de Ron Shelton, contava não só com esse sensacional trabalho de roteirização, mas também com um trio muito eficiente na hora de atuar. Susan Sarandon, Tim Robbins e Kevin Costner transformaram uma história tipicamente americana (afinal, tem o beisebol ali no meio) num elegante desafio de amor que pode ser empregado em qualquer parte do mundo. A "maria-chuteira" interpretada por Sarandon fica a par dos diálogos mais inspirados da obra. Desbocada, safada e inteligente, essa comédia conquistou seu espaço na noite, sendo esta sua única indicação. Em “Quero Ser Grande”, figurinha carimbada das nossas Sessões da Tarde, é Tom Hanks que empresta seu corpo para dar forma ao pobre menino esquecido que quer se tornar grande... e consegue. O trabalho escrito é arejado, mesmo que seja clichê e o filme se torne totalmente previsível. Hoje é clichê, naquela época talvez não fosse. Matar a criança que somos e dar lugar a um adulto, que reproduzirá atitudes infantis para, por fim, voltar a ser criança com uma daquelas boas lições de moral sobre amizade e ternura é, sim, clichê, mas é bom, é divertido. É um "De Repente 30" (2004) infinitamente melhor.
Porém, entre as três comédias indicadas, "Um Peixe Chamado Wanda" foi que mais se destacou, justamente pela originalidade. Escrito por John Cleese e Charles Crichton, o roteiro explora diferentes facetas do ser humano que, até então, eram mais explicitadas nas "dramédias". Agora, um filme genuinamente engraçado, com um roteiro simplesmente fascinante e atores em estado de graça, dão a este filme todo o reconhecimento que merece. A brincadeira de fazer Cinema fica séria, mas sem perder o charme do bom humor.
O saudoso River Phoenix também estava lá naquela noite (concorrendo a coadjuvante) e teve seu "O Peso de um Passado" também reconhecido na categoria de roteiro original. Fosse pela coragem das escrituras ou pelo empenho consciente de Sidney Lumet, diretor do longa, a roteirista Naomi Foner foi indicada ao prêmio, principalmente, pela sofisticação de sua obra, que prima também por uma originalidade indiscutível, com tramas fortes de revolução, relacionamento entre pais e filhos e, ainda, toca na ferida do passado que se quer esquecer. Mas, o prêmio foi para... “Rain Man”.
O road-movie de Barry Levinson faz crer no espetacular e isso se deve em grande parte ao tocante roteiro de Barry Morrow e Ronald Bass. A descoberta do autismo pelo próprio sujeito afetado, pelas pessoas que andam a sua volta e também pelo espectador, que graças a esse filme, tem parado de confundir autismo com doença mental, é o pilar dessa história, toda circulada pelo egoísmo dos personagens, pela ambição dessas figuras desafiadoras do bom senso. O amor transforma rumos e, nesse caso, permite descobertas pessoais.
por Gustavo
Pavan
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