Melanie Griffith: nominada como Melhor Atriz. |
Duas
características praticamente definem a maioria dos filmes nomeados a categoria
principal da 61ª edição do Oscar: ou viraram clássicos ou envelheceram mal.
Sobre a primeira consideração depois dos dois pontos, entram “Rain Man”, de
1988, (vencedor do prêmio de Melhor Filme), “Ligações Perigosas” (1988) e “Mississipi
em Chamas” (1988), enquanto na segunda, de conotação mais negativa, podem ser
atribuídos “O Turista Acidental” (1988) e “Uma Secretária de Futuro” (1988),
filmes poucos lembrados atualmente. No entanto, ainda que hoje esquecidos,
foram produções significativas para sua época. Um trazia o diretor americano
Lawrence Kasdan, então reverenciado como um novo talento, principalmente pelas
suas obras anteriores, “Silverado” (1985) e “O Reencontro” (1983), e o outro,
dirigido pelo talentoso Mike Nichols, ainda contava no elenco com Melannie
Griffith, Sigourney Weaver e Harrison Ford, trinca de estrelas em evidência.
Não precisa nem
de um olhar mais clínico para se perceber que o ano de 1989 não foi um dos
melhores para o cinema americano. Contando com filmes que entraram para a
memória afetiva de muita gente, a 61ª edição era popular, mas carecia de filmes
com temáticas mais interessantes. O vencedor “Rain Man” foi importante para
trazer a tona a problemática do autismo, contava com boas atuações, mas não dá
para dizer que a trama realmente empolgava. Dirigido por Alan Parker, “Mississipi
em Chamas” voltava sua mira para os conturbados anos sessenta, quando a
famigerada Ku Klux Klan ainda impunha sua lei brutal no estado. No entanto, o
filme esvazia seu tema e aposta em uma pegada de thriller. Talvez o terceiro
longa-metragem do inglês Stephen Frears, “Ligação Perigosa”, seja o filme mais
atemporal e logo também o mais empolgante com sua trama que enfoca um joguete
amoroso na França do Século XVIII.
Contudo, a
premiação contou com filmes periféricos, não indicados para as categorias
principais, tão ou mais interessantes que os nomeados. São eles: “O Preço do
Desafio” (1988), de Ramon Menedez, “Acusados” (1988), de Jonathan Kaplan (que
rendeu o Oscar de Melhor Atriz a Jodie Foster), “Nas Montanhas dos Gorilas”
(1988), de Michael Apted (também com Sigourney Weaver), a deliciosa comédia “Um
Peixe Chamado Wanda” (1988), de Charles Crichton e o vencedor do Oscar de Melhor
Filme Estrangeiro, o dinamarquês “Pelle, O Conquistador” (1987). Em uma época
que dificilmente uma produção de língua não inglesa entraria entre os
principais, o filme dinamarquês co-protagonizado pela lenda chamada Max Von
Sydow, poderia facilmente entrar entre os finalistas de Melhor Filme.
Entre as
atuações, foi prazeroso descobrir o potencial de um jovem Tom Hanks em “Quero
Ser Grande”, de 1988, (sua primeira indicação), à medida que a vitória de
Dustin Hoffman poderia ser até considerada como certa. A caracterização de Hoffman
como um autista foi realmente marcante. De certa forma, foi uma surpresa a
vitória de Jodie Foster, principalmente por suas concorrentes da época,
principalmente Glenn Close e Meryl Streep, já serem atrizes consolidadas. A
Academia seguiu a linha de consagrar “Rain Man” pela sua importância e além de
Melhor Filme, também o premiou com Melhor Diretor (Barry Levinson), Melhor Ator
(Hoffman) e Melhor Roteiro Original (Ronald Bass e Barry Morrow).
Como citei em
certa parte do texto, a 61ª edição trouxe muitos filmes que entraram para o
imaginário e a memória afetiva do público e cinéfilos em geral, contudo, nenhum
deles chegou a ser uma verdadeira obra-prima. O resultado final comprova como a
Academia tinha (ou tem) apreço por premiar obras de caráter social
relevante.
por Celo Silva
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