terça-feira, 23 de outubro de 2012

A História de Adèle H.



A HISTÓRIA DE ADÈLE H. (L’Histoire d’Adèle H., 1975, 96 min)
Produção: França
Direção: François Truffaut
Roteiro: François Truffaut, Jean Gruault, Suzanne Schiffman e Frances V. Guille
Elenco: Isabelle Adjani, Bruce Robinson, Sylvia Marriott, Joseph Blatchley, Cecil De Sausmarez, Clive Gillingham, Ivry Gitlis.

Dois grandes nomes caracterizam essa produção francesa: o diretor, François Truffaut, e a personagem-título, Adèle Hugo, filha do célebre poeta e romancista Victor Hugo. Hoje, Isabelle Adjani é bastante conhecida – sobretudo para o público que tem apreço pelo cinema francófono –, mas à época ela era uma atriz de 19 anos recém-saída de programas de humor da TV francesa. Sob o comando de Truffaut, Adjani personifica a polêmica personagem num dos momentos mais controversos de sua vida, que foi o período em que viveu em Halifax, capital da província canadense da Nova Escócia.

Adèle Hugo, ao chegar a Halifax sob o nome de Srta. Lewly, sai à procura do Tenente Pinson, militar com quem havia trocado cartas e juras quando mais nova. Não é apenas o amor por ele que a perturba e a faz se submeter a todo tipo de promessa e tentativa de atraí-lo; é também a morte acidental da irmã mais velha, de quem era muito próxima e com quem ainda conversa nos seus momentos de delírio desvairado. O percurso mental de Adèle é longo: ela vai da plena sanidade à mais obscura loucura enquanto se arrasta de um lugar para o outro encontrando meios de finalmente estar com Pinson, que vive sua vida cerceada de direitos – inclusive o de se casar – já que a todo momento Adèle surge para uma nova investida.

Apesar de uma direção satisfatória de Truffaut, que usa muitos recursos de edição para intensificar os momentos de loucura de Adèle, o grande mérito do filme é de Isabelle Adjani, que soube muito bem compor sua personagem, tornando cada momento seu em cena totalmente crível. De um extremo a outro, da beleza sóbria à desolação física, Isabelle Adjani insere o espectador na tragédia particular de sua personagem. Com 20 anos de idade na época de sua nominação, foi a atriz mais jovem já nominada na categoria de Melhor Atriz, detendo esse recorde por 28 anos, até ser passada por Keisha Castle-Hughes que em 2004, aos 14 anos, foi nominada pelo filme “A Encantadora de Baleias” (2002). Isabelle Adjani foi lembrada pela Academia e é dela a única indicação que o filme conquistou, apesar de ele facilmente ter podido competir em outras categorias, como, por exemplo, Melhor Roteiro Adaptado.

INDICAÇÃO:
- Melhor Atriz: Isabelle Adjani

por Luís Adriano de Lima

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