TUCKER - UM HOMEM E SEU SONHO (Tucker: The Man and His Dream, 1988, 110 min)
Produção: Estados Unidos
Direção: Francis Ford Coppola
Roteiro: Arnold Schulman e David Seidler
Elenco: Jeff Bridges, Joan Allen, Martin Landau, Frederic Forrest, Mako, Elias Koteas, Christian Slates, Nina Siemaszko, Anders Johnson, Corin Nermec.
Produção: Estados Unidos
Direção: Francis Ford Coppola
Roteiro: Arnold Schulman e David Seidler
Elenco: Jeff Bridges, Joan Allen, Martin Landau, Frederic Forrest, Mako, Elias Koteas, Christian Slates, Nina Siemaszko, Anders Johnson, Corin Nermec.
Curiosamente, “Tucker
– Um Homem e Seu Sonho” (1988) é um dos filmes menos lembrados do cineasta
americano Francis Ford Coppola. Entretanto, acredito ser a sua obra de caráter
mais pessoal, ainda que possa parecer um tanto sistemática, fincada no lugar-comum
e repleta de clichês. Digo isso, porque conhecendo a história desse diretor de
talento inegável, um dos alicerces do movimento sessentista/setentista
conhecido como New Hollywood, percebo
certas semelhanças entre a personalidade megalomaníaca do empreendedor Preston
Tucker (Jeff Bridges), protagonista do filme, com o não menos pretensioso e
entusiasta Coppola neo-hollywoodiano.
Tanto um quanto o outro se achavam, de fato, reis do mundo
e dotados de talento e o dom da ousadia, buscaram desenvolver projetos que
alterariam o status quo de suas
atividades. No filme, Tucker com seu carro revolucionário que colocaria as
grandes montadoras como coisas do passado e na vida real, Coppola com seu
cinema visionário, sepultando a forma antiga de se filmar e realizando
produções de viés autoral, em formato independente dos grandes estúdios.
Entretanto, ambos se viram presos aos esquemas e armadilhas das grandes
corporações e podados ao máximo, limitaram-se a apenas instituir, sem nunca
poder, de fato, executar o que idealizaram.
Em “Tucker – Um Homem e Seu Sonho”, Coppola cria uma obra
que, em um primeiro momento, passa fácil como simples biografia. No entanto,
repleta de analogias a sua própria história, pode ser vista facilmente como sua
vingança pessoal e derradeira ao establishment
hollywoodiano. Engraçado, que a mesma Hollywood que o diretor critica
veladamente, indicou essa sua produção a três categorias do Oscar de 1989 (ator
coadjuvante, direção de arte e figurino). No fundo, como sujeito astuto, sacana
e dotado de um humor bastante peculiar, o hoje senhor Francis Ford Coppola deve
ter se divertido um bocado com essas nomeações ao principal prêmio do cinema
americano.
Considerações subliminares a parte, “Tucker – Um Homem e
Seu Sonho” narra a história do já citado Preston Tucker, um empreendedor dos
anos 40, sujeito visionário, que desenvolve um carro muito a frente de seu
tempo. Para se ter uma noção, o protótipo criado por ele ainda é o mesmo que
serve de base para a maioria dos carros atuais. Na trama, Tucker precisa provar
para a justiça que seu carro não era uma fraude. Nisso, o roteiro escrito por
Arnold Schulman e David Seidler destila uma verve anti-autoritária, ainda que
moderada, com direito a discursos inflamados e cheios de sarcasmo do
protagonista. O filme ainda conta com uma seqüência bem especial, mostrando a
participação de Howard Hughes (Dean Stockwell) como benfeitor do projeto.
A produção conta com um elenco de primeira, encabeçado por
um Jeff Bridges inspirado, apesar de parecer caricato em certos momentos, mas
creio até que seja uma intenção do diretor. O veterano ator Martin Landau
entrega uma interpretação simples, mas que detêm boas deixas, principalmente
quando ele percebe que o projeto vai de mal a pior. A atriz Joan Allen, como a
esposa destemida de Tucker e o ator Elias Koteas, interpretando o projetista
dos carros Tucker, são coadjuvantes de peso que engrandecem as cenas, assim
como o personagem de um jovem Christian Slater incensado pelo comportamento
ufanista do pai. A direção de arte e os figurinos reconstituem com beleza e
eficiência a cada vez mais distante década de 40.
Certamente, “Tucker – Um Homem e Seu Sonho” não é o melhor
filme de Francis Ford Coppola e nem o mais empolgante ou emocionante.
Entretanto, passa muito longe de ser um engodo. A obra detém uma narrativa
agradável, sem grandes estripulias e que conduz a um epílogo dos mais
climáticos, apesar de previsível. Aqui, pode-se até acusar de ser um Coppola
com menos ousadia visual, aparentemente acomodado, mas no meu ponto de vista, é
um filme incompreendido no tocante a suas aspirações artísticas. O texto e o
subtexto imbuído de um bocado de crítica ao conservadorismo, ainda faz-se
perceber que estamos diante de um filme realizado pelo outrora rebelde dos anos
sessenta e setenta.
INDICAÇÕES:
1. Melhor Ator Coadjuvante: Martin Landau
2. Melhor Direção de Arte: Dean Tavoularis e Armin Ganz
3. Melhor Figurino: Milena Canonero
por Celo Silva
2 comentários:
preguiça de Jeff Bridges
Realmente não consegui lidar bem com o filme. A meu ver, uma chatice sem fim.
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