sábado, 4 de agosto de 2012

Deuses e Monstros


DEUSES E MONSTROS (Gods and Monsters, 1998, 105 min)
Produção: Estados Unidos / Reino Unido
Diretor: Bill Condon
Roteiro: Bill Condon
Elenco: Ian McKellen, Brendan Fraser, Linn Redgrave, Kevin J. O’Connor, Jack Betts.

O diretor inglês James Whale foi um pioneiro do cinema, tendo iniciado a carreira ainda nos filmes mudos. No começo da década de 30, mudou-se para os Estados Unidos e realizou obras que mudariam para sempre o cinema fantástico, todas dentro do “ciclo de horror” dos estúdios Universal: “Frankenstein” (1931), “O Homem Invisível” (The Invisible Man, 1933) e “A Noiva de Frankenstein” (Bride of Frankenstein, 1935). Apesar do enorme sucesso desses trabalhos, a carreira de Whale entrou em decadência. Os últimos dias do diretor são recontados de forma ficcional e comovente em “Deuses e Monstros” (1998).

O filme, escrito e dirigido por Bill Condon, usa a morte até hoje misteriosa de Whale para criar uma narrativa emocionante sobre um homem enfrentando os primeiros sinais da degradação mental. Ian McKellen tem a melhor atuação de sua carreira como Whale (e inexplicavelmente perdeu o Oscar para Roberto Benigni, interpretando a si mesmo em “A Vida é Bela” (1998)). O ator dá vida a um homem solitário e com uma vida sofrida, apesar dos sucessos. Era também homossexual e forçado a se reprimir em meio à Hollywood conservadora da década de 50. Com algumas segundas intenções em mente, ele se aproxima do jardineiro, o meio bruto, mas gentil, Clayton (uma ótima atuação de Brendan Fraser), e propõe pintar um retrato dele, impressionado pelo formato de sua cabeça (similar à do monstro de Frankenstein). A convivência entre os dois faz nascer uma bela amizade, mas com um destino trágico.

“Deuses e Monstros” se alterna entre o momento presente e cenas de flashback (algumas em preto-e-branco, recriando os bastidores de “A Noiva de Frankenstein”). A produção, apesar de modesta, é muito bem realizada (a reconstituição de época, dos cenários dos filmes antigos e de momentos na vida de Whale adquirem uma característica estilizada, própria das lembranças do protagonista), auxiliada pela bela fotografia e pela emocionante trilha de Carter Burwell. Lynn Redgrave, como a governanta de Whale, rouba a cena em alguns momentos (e foi indicada ao Oscar de Coadjuvante). Condon foi premiado com o Oscar de Melhor Roteiro Adaptado. Um dos grandes filmes daquele ano, uma visão sensível sobre a vida e morte do criador do mais incompreendido monstro cinematográfico de todos, aquele que vivia isolado e só queria um amigo – porque “amigo é bom”, de acordo com suas sábias palavras. Ao final de sua vida, James Whale e sua criatura não eram tão diferentes assim.

INDICAÇÕES (1 vitória):
1. Melhor Ator: Ian McKellen
2. Melhor Atriz Coadjuvante: Lynn Redgrave
3. Melhor Roteiro Adaptado: Bill Condon – venceu

por Ivanildo Pereira

4 comentários:

Luís disse...

Concordo totalmente com você, Ivanildo, sobretudo quando diz que o filme é modesto, mas bem realizado. E lamento bastante o fato de McKellen ter sido tão ofendido com a vitória de Benigni, cujo desempenho é absurdamente inferior.

No filme, gosto especialmente dos momentos de flashback, quando Whale revisita os bastidores de seus filmes. Foram justamente essas cenas que me motivaram a conhecer o diretor e os seus filmes.

Alan Raspante disse...

Infelizmente, ainda não vi...

Rodrigo Mendes disse...

Filmão! Okay, tem uns momentos enfadonhos com o Brendan Fraser, mas o roteiro é ótimo, o filme é sensível e o Ian McKellen esta incrível, como sempre. Lembrou muito o Whale, outra figura subestimada. Adoro "Frankenstein" e "A Noiva...", mas fez ótimos filmes como "Old Dark House", de 1932 que também faz parte deste ciclo do horror, aliás é o meu predileto, sem contar no "O Homem Invisível" que alavancou a carreira de Claude Rains. Sim, como cineasta ele foi um gênio.

Abs.

J. BRUNO disse...

Sempre quis vez este filme, mas infelizmente ainda não tive oportunidade...