DEUSES E MONSTROS (Gods
and Monsters, 1998, 105 min)
Produção: Estados Unidos / Reino Unido
Diretor: Bill Condon
Roteiro: Bill Condon
Elenco: Ian McKellen, Brendan Fraser,
Linn Redgrave, Kevin J. O’Connor, Jack Betts.
O diretor inglês James Whale foi um pioneiro do cinema,
tendo iniciado a carreira ainda nos filmes mudos. No começo da década de 30,
mudou-se para os Estados Unidos e realizou obras que mudariam para sempre o
cinema fantástico, todas dentro do “ciclo de horror” dos estúdios Universal:
“Frankenstein” (1931), “O Homem Invisível” (The
Invisible Man, 1933) e “A Noiva de Frankenstein” (Bride of Frankenstein, 1935). Apesar do enorme sucesso desses
trabalhos, a carreira de Whale entrou em decadência. Os últimos dias do diretor
são recontados de forma ficcional e comovente em “Deuses e Monstros” (1998).
O filme, escrito e dirigido por Bill Condon, usa a morte
até hoje misteriosa de Whale para criar uma narrativa emocionante sobre um
homem enfrentando os primeiros sinais da degradação mental. Ian McKellen tem a
melhor atuação de sua carreira como Whale (e inexplicavelmente perdeu o Oscar
para Roberto Benigni, interpretando a si mesmo em “A Vida é Bela” (1998)). O
ator dá vida a um homem solitário e com uma vida sofrida, apesar dos sucessos.
Era também homossexual e forçado a se reprimir em meio à Hollywood conservadora
da década de 50. Com algumas segundas intenções em mente, ele se aproxima do
jardineiro, o meio bruto, mas gentil, Clayton (uma ótima atuação de Brendan
Fraser), e propõe pintar um retrato dele, impressionado pelo formato de sua
cabeça (similar à do monstro de Frankenstein). A convivência entre os dois faz
nascer uma bela amizade, mas com um destino trágico.
“Deuses e Monstros” se alterna entre o momento presente e
cenas de flashback (algumas em
preto-e-branco, recriando os bastidores de “A Noiva de Frankenstein”). A
produção, apesar de modesta, é muito bem realizada (a reconstituição de época,
dos cenários dos filmes antigos e de momentos na vida de Whale adquirem uma
característica estilizada, própria das lembranças do protagonista), auxiliada
pela bela fotografia e pela emocionante trilha de Carter Burwell. Lynn
Redgrave, como a governanta de Whale, rouba a cena em alguns momentos (e foi
indicada ao Oscar de Coadjuvante). Condon foi premiado com o Oscar de Melhor
Roteiro Adaptado. Um dos grandes filmes daquele ano, uma visão sensível sobre a
vida e morte do criador do mais incompreendido monstro cinematográfico de
todos, aquele que vivia isolado e só queria um amigo – porque “amigo é bom”, de
acordo com suas sábias palavras. Ao final de sua vida, James Whale e sua
criatura não eram tão diferentes assim.
INDICAÇÕES (1 vitória):
1. Melhor Ator: Ian McKellen
2. Melhor Atriz Coadjuvante: Lynn Redgrave
3. Melhor Roteiro Adaptado: Bill Condon – venceu
por Ivanildo Pereira
4 comentários:
Concordo totalmente com você, Ivanildo, sobretudo quando diz que o filme é modesto, mas bem realizado. E lamento bastante o fato de McKellen ter sido tão ofendido com a vitória de Benigni, cujo desempenho é absurdamente inferior.
No filme, gosto especialmente dos momentos de flashback, quando Whale revisita os bastidores de seus filmes. Foram justamente essas cenas que me motivaram a conhecer o diretor e os seus filmes.
Infelizmente, ainda não vi...
Filmão! Okay, tem uns momentos enfadonhos com o Brendan Fraser, mas o roteiro é ótimo, o filme é sensível e o Ian McKellen esta incrível, como sempre. Lembrou muito o Whale, outra figura subestimada. Adoro "Frankenstein" e "A Noiva...", mas fez ótimos filmes como "Old Dark House", de 1932 que também faz parte deste ciclo do horror, aliás é o meu predileto, sem contar no "O Homem Invisível" que alavancou a carreira de Claude Rains. Sim, como cineasta ele foi um gênio.
Abs.
Sempre quis vez este filme, mas infelizmente ainda não tive oportunidade...
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