POLITICAMENTE
INCORRETO (Bulworth, 1998, 108 min)
Produção: Estados Unidos
Diretor: Warren Beatty
Roteiro: Warren Beatty
Elenco: Warren Beatty, Halle Berry,
Oliver Platt, Christine Baranski.
O que aconteceria se um político resolvesse, de uma hora
para outra, falar a verdade? Somente verdades duras, sem meias-palavras e
rodeios? Essa é ideia por trás de “Politicamente
Incorreto” (1998), projeto do sempre inquieto
ator-roteirista-diretor-produtor Warren Beatty, reconhecido anteriormente pelo
Oscar com “Reds” (1981). O senador democrata Jay Bulworth (Beatty) não apenas
fala, ele canta a verdade, no ritmo do rap e do hip-hop. Ao sofrer uma crise
depressiva, o ligeiramente maluco Bulworth contrata um assassino para matar a
si mesmo, após deixar uma grande apólice de seguro para a filha. Logo após, sai
dizendo as coisas que os políticos geralmente não dizem, em eventos junto à
comunidade negra, e na televisão, às vésperas da eleição. Suas tiradas alcançam
uma repercussão inesperada, mas o assassino está no seu encalço.
“Politicamente Incorreto” é uma comédia, mas com um pano
de fundo sério – as desigualdades raciais nos Estados Unidos e as distâncias
que ainda separam brancos e negros. Encontrar o equilíbrio certo entre a
comédia e o drama é muito difícil, e o filme não é inteiramente bem sucedido
nesse aspecto. Beatty é divertido, mas o tom do filme é de uma verdadeira
bagunça, alternando momentos sérios com uma comédia maluca prejudicada por
alguns acontecimentos meio inverossímeis. O resto do elenco é irregular: Oliver
Platt exagera como o secretário de Bulworth, empolgado além da conta pelos raps
do patrão; e Halle Berry tem uma atuação meio apagada como Nina, personagem com
segredos a esconder que se torna interesse romântico do protagonista. A
subtrama do assassinato mais atrapalha que ajuda o filme, e o final abrupto
deixa perguntas importantes no ar.
Bulworth diz algumas coisas muito pertinentes e
verdadeiras, e esse interessante e desbocado personagem é o suficiente para
fazer de “Politicamente Incorreto” um filme digno de atenção, embora apenas
mediano, no final das contas. Mas o prestígio de Warren Beatty junto à Academia
permaneceu forte – o filme conquistou uma indicação para o Oscar de Roteiro Original.
INDICAÇÃO:
- Melhor Roteiro Original: Warren Beatty e Jeremy Pikser
por Ivanildo Pereira
2 comentários:
Fica evidente a indicação somente por queridismo, porque o trabalho feito aqui é do razoável para o insatisfatório. Aliás, o filme é um dos mais chatos a que já assisti.
Ainda não o assisti, confesso que já nem me lembrava de sua sinopse, que eu cheguei a ler diversas vezes... Ótimo texto Amarildo!
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