Steven Spielberg, premiado pela segunda vez com um Oscar de Melhor Diretor.
A primeira vez havia sido em 1994, quando venceu pelo filme "A Lista de Schindler" (1993).
A cerimônia de entrega do Oscar em 1999 não teve um grande
favorito, como “Titanic” (1997), no ano anterior. A disputa foi polarizada
entre a superprodução de guerra “O Resgate do Soldado Ryan” (1998) de Steven
Spielberg, e o mais modesto “Shakespeare Apaixonado” (1998) de John Madden. “Shakespeare”
foi produzido pela Miramax de Harvey Weinstein, produtor que fez fama e fortuna
aproximando a sensibilidade de realizadores independentes das grandes massas.
Já “Ryan” foi feito pela máquina de Hollywood, pelo diretor mais bem sucedido
da história do cinema. No final das contas, ambos saíram consagrados, embora
“Shakespeare” tenha ganhado prêmios mais importantes (filme, roteiro original,
atriz para Gwyneth Paltrow e atriz coadjuvante para Judi Dench). “Ryan” levou o
de melhor diretor para Spielberg (o segundo de sua carreira) e outros prêmios
técnicos absolutamente merecidos. Até hoje persiste o debate entre os cinéfilos
sobre quem de fato merecia a estatueta de melhor filme – e para muitos, a
vitória de “Shakespeare” é considerada uma das maiores mancadas da Academia. O
que é injusto, pois apesar de não ser uma obra-prima do cinema, “Shakespeare
Apaixonado” é divertido e encantador.
James Coburn: o Melhor Ator Coadjuvante. |
Contudo, foi um ano de grandes filmes, e muitos estiveram
no Oscar de algum modo. “Irresistível Paixão” (1998) estabilizou as carreiras
de George Clooney e Steven Soderbergh, e ambos partiram para grandes feitos (no
Oscar, inclusive). “Elizabeth” (1998) extraiu drama e suspense de um momento
histórico, atraiu público e revelou a todos o talento de Cate Blanchett. O
emocionante “Deuses e Monstros” (1998) trouxe a melhor atuação da carreira de
Ian McKellen e iniciou a carreira de seu roteirista/diretor, Bill Condon. O
Brasil viu “Central do Brasil” (1998) e Fernanda Montenegro ganharem o mundo,
num grande trabalho de Walter Salles. “O Show de Truman” (1998) emociona e
causa debate até hoje, e mostrou ao mundo que havia algo mais em Jim Carrey
além de caretas. Edward Norton impressionou com seu papel de neonazista no
chocante “A Outra História Americana” (1998). O diretor Sam Raimi deu um tempo
no terror e aventuras com sabor de filmes B e surpreendeu, entregando um dos
melhores dramas/suspenses do ano com “Um Plano Simples” (1998), filme irmão de
“Fargo” (1996) dos irmãos Coen, consagrado no Oscar alguns anos antes. E o ano
ainda presenciou o retorno, após 20 anos, do diretor e roteirista Terrence
Malick, cultuado por duas obras-primas nos anos 70 e desaparecido desde então.
“Além da Linha Vermelha” (1998), seu filme de guerra, contrasta com o de
Spielberg em todos os sentidos possíveis e investiga a relação do homem com a
natureza, dentro do microcosmo de uma batalha sangrenta da Segunda Guerra
Mundial. De todos os filmes do Oscar daquele ano, era provavelmente o mais
autoral e artístico, mas sem chance alguma de ganhar como melhor filme – e de
fato, não levou nenhum dos sete prêmios que disputava.
por Ivanildo Pereira
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