HILARY E JACKIE (Hilary
and Jackie, 1998, 121 min)
Produção: Reino Unido
Direção: Anad Tucker
Roteiro: Frank Cottrell Boyce
Elenco: Emily Watson, Rachel
Griffiths, James Frain, David Morrissey.
Nada mais justo que as indicações de Melhor Atriz e Melhor
Atriz Coadjuvante, respectivamente para Emily Watson e Rachel Griffiths pelos
seus trabalhos no drama biográfico Hilary
e Jackie. Sem dúvida, da temporada de 1998, poucas atuações foram tão
intensas. A obra dirigida pelo tailandês radicado na Inglaterra, Anand Tucker,
acompanha a vida (e o relacionamento conturbado), desde a infância, dessas duas
irmãs que intitulam o filme. Jacqueline Du Pré (Emily Watson) é mais conhecida
por ser uma violoncelista famosa e por ter tido um desfecho trágico em sua
vida. Hilary Du Pré (Rachel Griffiths) também é uma musicista com certo
talento, tendo na infância sua fase áurea e de mais destaque.
Curioso que ainda crianças, apesar de Hilary ser
considerada uma prodígio da flauta, o talento não tarda tanto a ser descoberto
em Jackie e de uma forma até involuntária, pois a menina só procurou aprender o
violoncelo como artifício para seguir a irmã por onde fosse. O intenso
relacionamento das irmãs se baseia em disputas, conflitos, discussões e muito,
mas muito amor. Afinal, somente muito amor mesmo para entender como Hilary
aturou todos os caprichos desejados por Jackie, alguns facilmente repudiados e
impensáveis. Anand Tucker faz um trabalho minucioso na captação dessas
sensações, usando a câmera com delicadeza e dando o tempo adequado para o
espectador entender as angustias e amarguras de cada personagem. Não é a toa
que o diretor divide a obra com as perspectivas de cada irmã. Em um primeiro
momento vemos as ações e explanações pelos olhos de Hilary e depois a
contra-argumentação de Jackie.
Nem Emily Watson e muito menos Rachel Griffits foram
premiadas com a estatueta. As duas atrizes tinham adversárias difíceis e a
nomeação não deixa de ser um reconhecimento válido. “Hilary e Jackie” (1998) é um filme sensível, poético, com
personagens tão cativantes quanto enervantes, com caracterizações que passam
longe de possuírem verdades estritas. Talvez essa capacidade de errar e
permanecer no erro ou de se omitir e se esconder é o que traga essa emoção
crível para o filme e ainda cria uma identificação com o público, pois se
delineado de outra maneira, poderíamos ter apenas um filme sobre uma musicista.
O que, de forma louvável, não acontece, pois na verdade a obra usa a música
como um luxuoso e bem-vindo pano de fundo para essa bela e melancólica
história. Enfim, problemas familiares muitas vezes são os mais difíceis de
superar, mesmo quando ambas as partes desejam por um final feliz.
INDICAÇÕES:
1. Melhor Atriz: Emily Watson
2. Melhor Atriz Coadjuvante: Rachel Griffiths
por Celo Silva
2 comentários:
Acho que existe mesmo uma atmosfera bastante "dolorida" nesse filme. Ao passo que algo flui bem, outra coisa - a vida pessoal das personagens - parece impor ao filme um tom devastador. Como você disse, nenhuma das atrizes podiam ganhar, mas as indicações valeram como reconhecimento pelo trabalho eficiente de ambas.
Adoro a Emily Watson desde Ondas do Destino. Vou conferir este, já tinha ouvido falar devido ao Oscar.
Abs.
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