segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Abertura: 48ª edição - 1976

"Um Estranho no Ninho" - o grande vencedor de 1976.



A década de 70 no cinema americano foi marcada pela nova geração de diretores e artistas que hoje se convenciona chamar de “a Nova Hollywood”. Um novo grupo de realizadores, influenciados pelo que estava acontecendo no cinema mundial da época, revitalizou o cinema americano, até então combalido pelo fim do sistema dos estúdios. De todos os anos daquela década, talvez 1975 tenha ficado marcado pelo alto nível de qualidade da produção cinematográfica. E isso foi refletido no Oscar. Naquele ano, a relação dos indicados ao prêmio principal é constituída de cinco filmes igualmente excelentes, coisa que nem sempre acontece, ainda hoje. O épico satírico de Stanley Kubrick “Barry Lyndon” (1975). “Tubarão” (1975) de Steven Spielberg, o primeiro blockbuster de todos os tempos e ainda hoje um dos maiores suspenses da história do cinema. O divertido e eletrizante “Um Dia de Cão” (1975) de Sidney Lumet, baseado numa história tão incrível que só poderia ser real e conduzida por um Al Pacino inspirado. “Nashville” (1975), o épico musical do diretor Robert Altman que traça um painel não apenas da musica country, mas da América da época. E “Um Estranho no Ninho” (1975), a obra-prima sobre loucura e liberdade estrelada por Jack Nicholson e comandada pelo diretor tcheco Milos Forman. Todos filmes consagrados pelo tempo e dignos merecedores da estatueta. Em quantas ocasiões do Oscar podemos dizer que, dos cinco principais concorrentes, todos eram maravilhosos?

Mas houve outros trabalhos de destaque além dos cinco candidatos a Melhor Filme. “O Homem da Caixa de Vidro” (1975) retomou o tema do nazismo tão caro à Academia, conseguindo uma indicação. “Uma Dupla Desajustada” (1975) reuniu dois grandes comediantes – Walter Matthau e George Burns – e conseguiu uma vitória para este último na categoria coadjuvante.  A ópera-rock “Tommy” (1975) foi levada às telas em toda a sua glória pelo malucão Ken Russell. “O Dia do Gafanhoto” (1975) tentou recontar a história antiga de Hollywood por um prisma muito peculiar. “O Homem que Queria Ser Rei" (1975) é mais uma obra-prima do diretor John Huston, que já havia realizado outras anteriormente. O eterno iconoclasta Hal Ashby penou nas mãos de Warren Beatty na comédia “Shampoo” (1975). E entre os estrangeiros, François Truffaut e Federico Fellini realizaram dois dos maiores filmes de suas respectivas carreiras, e abocanharam indicações importantes. “A História de Adèle H.” (1975) de Truffaut mostra o quanto pode ser destrutivo o amor e é conduzido pela brilhante atuação de Isabelle Adjani. E em “Amarcord” (1973), Fellini recriou a sua infância não como foi, mas como gostaria que tivesse sido, com a ajuda do cinema.

Porém entre todos estes filmes, são os cinco concorrentes ao prêmio principal que permanecem firmes na memória cinematográfica ainda hoje. Alguns até cresceram em estatura: “Tubarão” provou ser mais do que apenas um mero arrasa-quarteirão, e “Barry Lyndon” foi, com o passar das décadas, de fracasso de bilheteria a um dos destaques da carreira de Kubrick. Acompanhe a equipe do E o Oscar Foi Para... ao longo do mês, enquanto analisamos uma das edições mais fortes do Oscar: 1975, um ano importantíssimo na história do cinema americano e mundial.

por Ivanildo Pereira

2 comentários:

Júlio Pereira disse...

Vou ficar antenado no blog, então.

Mas, sobre este ano, eu não vi Nashville (mas tenho ele pra assistir, já), porém o que mais gosto é Tubarão. Acho uma verdadeira obra-prima e talvez o meu Spielberg favorito. Logo em seguida, Barry Lyndon, uma obra-prima subestimada do Kubrick - que, como muitos críticos dizem, parece um quadro em movimento.

Luís disse...

Eu gosto bastante de "Um Estranho no Ninho" e "Um Dia de Cão", mas algo me diz que ao longo desse mês nós nos surpreenderemos com os filmes que veremos, achando, inclusive, alguns que sejam melhores do que o filme de Milos Forman.