SHAKESPEARE
APAIXONADO (Shakespeare in Love,
1998, 123 min)
Produção: Estados Unidos / Reino Unido
Diretor: John
Madden
Roteiro: Marc
Norman e Tom Stoppard
Elenco: Gwyneth
Paltrow, Joseph Fiennes, Judi Dench, Geoffrey Rush, Bem Affleck, Tom Wilkinson,
Colin Firth, Imelda Staunton, Jim Carter.
“Shakespeare
Apaixonado” (1998),
indicado a treze categorias e vencedor de sete Oscar em 1999, é um filme que,
de fato, tem seus méritos. De forma leve e divertida, mas com diálogos
profundos, o diretor John Madden nos apresenta a criação da peça “Romeu e
Julieta” (1597) pelo famoso escritor inglês.
O filme tem um caráter bastante rápido, urgente, como se
tudo ao redor não pudesse ser desperdiçado nem por um minuto. Esse sentimento
se expressa bem no personagem de Shakespeare (Joseph Fiennes), romântico incorrigível que sente seu
dom de escritor escapando entre os dedos e precisa rapidamente recuperá-lo. É
nesse contexto que encontra Viola de Lesseps (Gwyneth Paltrow), moça da corte
que o faz reencontrar o amor e o encantamento. Ela, por sua vez, inconformada
com a submissão feminina ao casamento e a não participação do mundo artístico,
se disfarça de homem para encenar a nova peça de Shakespeare. Logo o escritor
descobre o disfarce e os dois passam a escrever e a contracenar juntos, levando
o espectador a desenvolver certa cumplicidade com o casal proibido.
Dessa forma, a história de Romeu e Julieta fica
representada pela impossibilidade dos dois ficarem juntos, já que ela está
noiva e ele sabe não passar de um mero artista. Através de diálogos poéticos e
tocantes, o espectador é levado a compactuar com o casal e com os jogos de
poder que vigoravam na corte elisabetana do século XVI.
O filme como um todo é do tipo que divide opiniões, ora
encontrando defensores, ora críticos. Que o filme foi merecedor das categorias
técnicas não há dúvida, já que a trilha sonora e o figurino estavam impecáveis
(ainda que concorresse com outro filme histórico), entretanto, o Oscar de
Melhor filme e o de Melhor Atriz ainda causam polêmica.
De fato, concorrendo contra “A Vida É Bela” e “O Resgate
do Soldado Ryan”, ambos de 1998, fica difícil entender a indicação a Melhor
Filme e muito menos a vitória. Apesar de ser um filme tocante e envolvente, com
uma temática histórica e muita química entre os atores principais, fica a
dúvida do merecimento de um dos maiores títulos cinematográficos mundiais.
Outra que tem de conviver com essa dúvida é a atriz principal. Gwyneth sem
dúvida foi fabulosa em sua atuação, especialmente pelo sotaque britânico,
entretanto, não acredito que tenha superado Fernanda Montenegro em “Central do
Brasil” e Cate Blanchett ,que fez um trabalho ligeiramente melhor em “Elizabeth”,
ambos também de 1998.
Judi Dench talvez seja a melhor surpresa do longa. Com uma participação de
apenas 8 minutos, ela nos mostra uma atuação firme e correta, tornando-a
merecedora do prêmio. Assim sendo, em uma avaliação geral, o filme é realmente
bom de se assistir, mas acredito que as premiações principais não foram
completamente merecidas.
INDICAÇÕES (7 vitórias):
1. Melhor Filme: David Parfitt, Donna Gigliotti, Harvey Weinstein, Edward.
Zwick e Marc Norman – venceu
2. Melhor Diretor: John Madden
3. Melhor Atriz: Gwyneth Paltrow – venceu
4. Melhor Ator Coadjuvante: Geoffrey Rush
5. Melhor Atriz Coadjuvante: Judi Dench – venceu
6. Melhor Roteiro Original: Marc Noorman e Tom Stoppard – venceu
7. Melhor Fotografia: Richard Greatrex
8. Melhor Direção de Arte: Martin Childs e Jil Quertier – venceu
9. Melhor Edição: David Gamble
10. Melhor Figurino: Sandy Powell – venceu
11. Melhor Maquiagem: Lisa Westcott e Veronica McAleer
12. Melhor Trilha Sonora Original (Comédia): Stephen
Warbeck – venceu
13. Melhor Som: Robin O'Donoghue, Dominic Lester e Peter
Glossop
por Renan Prado
7 comentários:
Demorou para que eu assistisse a esse filme com a cabeça e o coração. Via-o somente pelo seus aspectos técnicos, sem jamais ter me deixado envolver pelas interpretações e pelo carisma do roteiro.
É um filme apaixonante, de singeleza comovente, mesmo não tendo um grand finale choroso. O romance acontece naturalmente e acho que você apresentou isso bem ao comentar o caráter urgente desse relacionamento.
:)
Acho um filme agradável, apenas.
Eu gosto muito deste filme, tanto que ele faz parte de minha coleção pessoal, no entanto eu não acho que tenha sido merecedor de alguns dos prêmios que recebeu. Ao meu ver quem deveria ter levado o Oscar de Melhor Filme é "Além da Linha Vermelha" e o de Melhor Atriz a Cate Blanchett...
Não gosto. E olha que já tentei gostar.
É aquele caso onde o excesso de premios prejudicou o longa.
Sinceramente, eu acho Shkaespeare Apaixonado um filme muito bom. Ele ganhou uma reputação ruim porque a imprensa não se conformou com a derrota de O Resgate do Soldado Ryan, embora a história do Oscar tenha injustiças muito mais gritantes. Na verdade, o filme favorito da crítica tem uma sequência de abertura grandiosa e depois cai nos clichês sentimentais spielberguianos habituais.
Decorridos 20 anos e observando o escândalo HARVEY WEINSTEIN, figura grotesca e nociva da Hollywood "moderna", podemos concluir que a vitória (os prêmios) desse filme Shakespeare Apaixonado foi a maior picaretagem ocorrida nessa "farsa" em que se transformou o Oscar. Weinstein, nos intervalos em que não estava tentando seduzir alguma atriz, praticava outro tipo de corrupção: "comprava" prêmios para seus filmes e suas atrizes, num círculo vicioso para obter resultado nas suas seduções !!!
Algo inconcebível mas que, tudo indica, aconteceu exatamente assim. Mais trágico é o papel deplorável que Gwyneth Paltrow desempenhou nessa farsa: disse posteriormente ter sido assediada por Weinstein em um quarto de hotel (!!!) ainda em 1995, tendo contado a seu namorado à época: Brad Pitt, que foi tirar satisfações com ele. Pois bem, três anos depois ela ganha o Oscar de melhor atriz, num filme dele (!?!?!).
É muita porcaria !!!!
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