domingo, 18 de agosto de 2013

Jeremy Irons: "O Reverso da Fortuna" (1990)



JEREMY IRONS (19/09/1948 – Ilha de Wight, Inglaterra)
Primeiro filme: “Nijinsky – Uma História Real” (1980)
Principais trabalhos: “A Mulher do Tenente Francês” (1981), “Um Amor de Swann” (1984), “Gêmeos – Mórbida Semelhança” (1988), “O Reverso da Fortuna” (1990), “A Casa dos Espíritos” (1993), “O Homem da Máscara de Ferro” (1998).
Indicações ao Oscar: 1991 – Melhor Ator: “O Reverso da Fortuna” – venceu.
Indicados em 1991: Gérard Depardieu por “Cyrano” (1990) | Jeremy Irons por “o Reverso da Fortuna” (1990) | Kevin Costner por “Dança com Lobos” (1990) | Richard Harris por “Terra da Discórdia” (1990) | Robert De Niro por “Tempo de Despertar” (1990).

Baseado em fato verídico, O Reverso da Fortuna” (1990), dirigido pelo iraniano radicado no EUA, Barbet Schroeder, remonta um dos julgamentos mais polêmicos e famosos dos anos 80: o de Claus Von Bülow. O conhecido empresário, mais por suas tórridas aventuras extraconjugais do que por trabalho, foi acusado de deixar a frágil esposa, a milionária viciada em remédios Sunny Von Bülow (Glen Close), em coma depois de uma overdose de insulina. O filme roteirizado por Nicholas Kazan é baseado no livro escrito pelo próprio Claus. Logo existem certas divergências quanto aos fatos pelo qual foi acusado e a ambigüidade não encontra o seu lugar, apesar de alguns tons gris. O então empresário bon-vivant, que vivia praticamente à custa da imensa fortuna da mulher aristocrata, foi acusado pelos dois enteados de ter premeditado o “acidente” nos mínimos detalhes. 

Nessa elaboração sugerida pela família, onde o filme traz sem receio os filhos de Sunny como verdadeiros inquisidores desprovidos de sentimentos, até mesmo a escolha do advogado, o renomado e idôneo professor, judeu, Alan Dershowitz (Ron Silver, no filme) teria sido uma jogada de marketing em prol da absolvição. Se hoje “O Reverso da Fortuna” parece um relato deveras tendencioso, imagina em sua época? Deve ter causado um bocado de chiadeira, a priori pela personalidade obtusa de Claus. Talvez por isso a obra assuma uma nítida pegada de thriller, com trilha sonora de suspense e fotografia meio soturna, alternando com uma montagem a là film noir. E a trama também se esvazia de um conteúdo mais contestador e assume seu tom maniqueísta.  Por esse filme o ator Jeremy Irons, então respeitado por seus papeis dramáticos anteriores, interpretando um arrogante Claus, ganhou a estatueta de Melhor Ator na edição do Oscar 1991.

Apesar de uma interpretação relativamente eficiente, mesmo com maneirismos que denotam um personagem estereotipado ao extremo, até hoje a vitória de Jeremy Irons rende algumas pertinentes discussões. A primeira e mais óbvia seria que Irons não é o verdadeiro protagonista de “O Reverso da Fortuna”. Realmente, quem se propor a assistir ao filme perceberá que o personagem de Ron Silver é quem impulsiona a narrativa, o chamado leading. O então advogado idealista, exemplo de retidão moral, monta um time de alunos com o intuito de auxiliar no caso, propondo assim uma investigação mais a fundo dos fatos. Pouco Irons aparece sozinho ou liderando uma cena, a não ser quando relata os acontecimentos para Alan, que se demonstra cada vez interessado na versão poética do empresário. A história que surge através dos olhos de Claus, por vezes, é contestada através da voice-over de Sunny. Sim, mesmo em coma, a mulher não deixa de fazer seus apontamentos

Agora é o momento de levantar certa polêmica em torno da única vitória de “O Reverso da Fortuna” no Oscar de 1991. Anos antes, mais precisamente em 1988, o ator Jeremy Irons protagonizou o genial “Gêmeos – Mórbida Semelhança”, do diretor canadense David Cronenberg. No filme, Irons interpreta dois irmãos gêmeos, univitelinos, com personalidades diferentes, mas que se completam em suas peculiaridades. Não tenho dúvida de que esse é o melhor momento do ator em toda sua carreira. No entanto, seu nome não foi nem cogitado entre os indicados daquela temporada. Creio que em 1991, Jeremy Irons, com essa sua atuação caricata, porém acima da média, acabou recebendo campanha para ser indicado a categoria de Melhor Ator em detrimento a Ron Silver. E saiu vitorioso através da conhecida, estranha, mas não assumida, “lei da compensação” que a academia costuma promover. Alguns vão discordar, mas existem diversos casos que comprovam essa tese. E só pesquisar.  
 
por Celo Silva

Um comentário:

Ana Oliveira disse...

Olá! Gostei bastante desta postagem , mas a verdade é que estou procurando este filme para alugar ou comprar, você saberia me indicar alguma loja virtual ou locadora no Rio de Janeiro? Quanto ao Jeremy Irons, qual sua opinião sobre a atuação dele em The Borgias?
Obrigada!