Milos Forman recebendo o Oscar de Melhor Diretor das mãos de Willian Wyler, um dos maiores diretores de Hollywood. Acompanhando-o no anúncio do vencedor, Diane Keaton.
Talvez a 48ª Edição da Oscar, de todas, tenha sido uma das
que mais continha indicados interessantes. Não é qualquer temporada que pode
dispor de filmes de realizadores como Stanley Kubrick, Milos Forman, Robert
Altman, Sidney Lumet e Federico Fellini. Nomes lendários, sinônimos de cinema
de qualidade, que disputaram o prêmio de melhor diretor, mas se olharmos para
categorias periféricas, como a de roteiro original, ainda vamos nos deparar com
mais profissionais extremamente talentosos, entre eles o diretor francês Claude
Lelouch e o roteirista newhollywoodiano Robert Towne.
Embora dentre tantas nomeações justas, que realmente
primavam pelos melhores, uma das situações que causaram controvérsia e marcaram
os bastidores do ano de 1976, foi a não-indicação de um jovem Steven Spielberg
para a categoria de Melhor Diretor. Afinal, o seu “Tubarão” (1975) é uma
produção que revolucionou a maneira de se fazer cinema e por um bom tempo foi à
maior bilheteria de um filme de verão. No entanto, mesmo com o estrondoso
sucesso de bilheteria, a Academia preferiu indicar o filme de Spielberg apenas
para Melhor Filme, ignorando seus esforços hercúleos para trazer essa obra às
telonas e assim prestigiou diretores (como os já citados no primeiro parágrafo)
mais estabelecidos para um dos prêmios mais cobiçados da noite.
Apesar de ser um entusiasta declarado de “Barry Lyndon”
(1975) de Kubrick, sinceramente acredito que “Um Estranho no Ninho” (1975)
tenha tido uma vitória justa e respeitável, afinal, não somente desbancou seus
fortes concorrentes a Melhor Filme, como também levou as outras quatro
categorias principais (Ator, Atriz, Diretor, Roteiro Adaptado), um feito jamais
comparado. Vejo o filme de Milos Forman como mais representativo, criando uma
identificação maior com sua época e ainda que a AMPAS seja conhecida pelo seu
conservadorismo, o forte senso anti-autoritarismo em um contexto de rebeldia,
mas cheio de sensibilidade, imposto pelo roteiro de Lawrence Hauben e Bo
Goldman tenha emocionado os votantes.
A obra-prima “Barry Lyndon” acabou levando, com justiça, a
maioria dos prêmios técnicos, confirmando assim sua estética perfeita e única,
talvez um filme nunca tenha sido, de fato, trabalhado com tanto esmero. As
estatuetas de ordem técnica que o filme de Kubrick não levou, “Tubarão”
arrebatou, como a de Melhor Edição, para o trabalho milimétrico de Verna
Fields, alguns até afirmam que ela salvou o filme de Spielberg. Nas categorias
de atuação, Jack Nicholson apenas confirmou seu excelente trabalho, sagrando-se
o vencedor, onde concorria com nomes importantes como Walther Matthau e Al
Pacino e Louise Fletcher, surpreendendo até, fez todos se renderem a sua
enfermeira odiosa de “Um Estranho no Ninho”.
Por fim, acredito que a 48ª edição do Oscar é tão lendária
quanto seus concorrentes, afinal, será difícil vermos outra temporada com
tantos nomes talentosos envolvidos. Tivemos cinema italiano, diretores com
pleno domínio de sua arte, atores em estado de graça e ainda um dos últimos
sopros da New Hollywood, com o pouco lembrado “Shampoo” (1975), de Warren Beatty.
Sem dúvidas, uma premiação que deu gosto de ser analisada.
por Celo Silva
Um comentário:
Sem dúvida, se trata mesmo de uma das melhores edições do Oscar, especialmente em termos de qualidade dos concorrentes e dos filmes selecionados.
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