Amor
(Amour, 2012, 125 min)
Produção: Áustria | França
Direção: Michael Haneke
Roteiro: Michael Haneke
Elenco: Jean-Louis
Trintignant, Emmanuelle Riva, Isabelle Huppert
Texto publicado originalmente no site
Cinéfila por Natureza em 20 de fevereiro de 2013.
Na sua concepção literal, amor é a grande
afeição que uma pessoa sente por outra. Porém, se fôssemos estudar o que
significa esse conceito, chegaríamos à conclusão de que o amor não tem uma
definição clara e certa. É um sentimento completamente abstrato. O amor não se
mede e, muito menos, tem explicação. Ele está ali para ser sentido e vivido. E
é justamente esse sentimento que permeia os 125 minutos de duração de “Amor” (2012), co-produção austríaca e
francesa dirigida e escrita por Michael Haneke.
A história enfoca o relacionamento entre
Georges (Jean-Louis Trintignant) e Anne (Emmanuelle Riva). Ambos estão na faixa
dos 80 anos. Ambos estão lidando com um outro tipo de sentimento: o do ocaso.
Não do amor. Mas, sim, da vida em si. Isso está mais latente ainda quando, após
uma complicação de uma cirurgia para desobstrução de uma artéria, algo
completamente simples, Anne entra na estatística contrária, a dos 5% que têm
uma complicação. Com o lado direito do corpo paralisado, ela fica totalmente
dependente dos cuidados do marido.
Um elemento fundamental a se prestar
atenção no decorer de “Amor” é acompanhar o trabalho de direção feito por
Michael Haneke. A sua câmera se dedica ao relato completo do cotidiano deste
casal. São cenas longas, quase sempre com a câmera num único movimento, sem
muitas variações de ângulos, com o objetivo de nos mostrar que o amor ali, ou a
“obrigação” colateral do amor (cuidar de seu parceiro na saúde e na doença, na
alegria e na tristeza, todos os dias de sua vida) se tornou um peso. Para os
dois. Ambos se tornam prisioneiros do apartamento onde vivem. Ambos pouco
conversam sobre a situação precária de saúde de Anne. O dia a dia deles se
resume a esperar o dia em que a situação vai se tornar tão insustentável que o
fim será natural.
É isso que faz de “Amor” um filme
dilacerador, pois todos sonhamos em encontrar um amor com quem poderemos
envelhecer juntos, mas a gente não pensa muito no fato de que envelhecer é
difícil, para todo mundo. E ver quem a gente ama, ainda mais se for uma pessoa
ativa e inteligente como Anne, sofrendo e se perdendo pouco a pouco dia após
dia é muito complicado. Em consequência disso, “Amor” é um filme que dispensa
julgamentos, até porque o sentimento que dá nome ao filme e os atos que ele nos
concita a fazer também nunca suscitam o julgamento, visto que nunca que serão
compreendidos.
Indicado a cinco Oscars 2013, “Amor” se
torna um filme emocionante e poético não só por causa da força das imagens
filmadas por Michael Haneke (a cena em que o pombo fica vagando pelo
apartamento é uma das mais bonitas do ano, até agora), como também por causa de
um final aberto, entregue à interpretação do público; mas, principalmente, por
causa das atuações de Jean-Louis Trintignant e Emmanuelle Riva (a melhor dentre
as indicadas ao Oscar 2013 de Melhor Atriz), duas lendas do cinema francês que,
neste longa, entregam performances viscerais que nos relembram cena após cena
das alegrias e das dores de se entregar ao amor, a um relacionamento duradouro,
com alguém que a gente não imagina viver sem.
INDICAÇÕES
(1 vitória):
1. Melhor Filme: Margaret Ménegoz, Michael
Katz, Stefan Arndt e Veit Heiduschka
2. Melhor Filme em Língua Estrangeira:
Áustria – venceu
3. Melhor Diretor: Michael Haneke
4. Melhor Atriz: Emmanuelle Riva
5. Melhor Roteiro Original: Michael Haneke
por
Kamila Azevedo
Um comentário:
A atuação de Emmanuelle Riva é MARAVILHOSA! Mas o filme, como um todo, é excelente!
Postar um comentário