As Sessões (The Sessions,
2012, 95 min)
Produção: Estados Unidos
Direção: Ben Lewin
Roteiro: Ben Lewin (com
base no artigo escrito por Mark O’Brien)
Elenco: John Hawkes,
Helen Hunt, William H. Macy, Moon Bloodgood, Adam Arkin, Rhea Perlman, Robin
Weigert, Rusty Schwimmer
Texto publicado
originalmente no site Cinéfila por Natureza em 21 de fevereiro de 2013.
Baseado em uma
história real, “As Sessões” (2012),
filme escrito e dirigido por Ben Lewin, tem como personagem principal Mark
O’Brien, que contraiu poliomielite aos seis anos e, em decorrência disso,
perdeu os movimentos de seu corpo do pescoço para baixo e ficou dependente de
uma máquina que ele chamava de “pulmões de aço” (que funcionavam como um pulmão
artificial). Mark O’Brien também era um poeta e jornalista e a trama do filme,
que foi baseada em um artigo de autoria do próprio O’Brien, segue uma de suas
experiências mais pessoais, em que ele passou por um importante rito de
passagem em sua vida.
No final da
década de 80, quando Mark O’Brien (John Hawkes) tinha 39 anos, ele foi
convidado por uma revista para escrever um artigo sobre os deficientes físicos
e a sexualidade. Apesar de ter conversado com vários amigos também deficientes
físicos sobre suas experiências nesta área, O’Brien pouco se sentia à vontade
para falar sobre o assunto, pois ele mesmo nunca havia tido uma experiência
sexual. Após se consultar com uma terapeuta sexual, Mark decide seguir o
conselho dela e contrata Cheryl Cohen-Greene (Helen Hunt, em atuação indicada
ao Oscar 2013 de Melhor Atriz Coadjuvante), uma espécie de conselheira sexual,
alguém que orienta os pacientes com deficiência física a encontrarem a sua
própria sexualidade, a se sentirem mais à vontade com a sua condição e poderem
viver uma vida considerada normal, nesta área.
O título “As
Sessões” se refere justamente aos encontros realizados entre Mark e Cheryl com
o objetivo de cuidar do corpo dele, visando a plena satisfação sexual. Tendo em
vista o tema principal do filme e o fato de que o roteiro se baseia na experiência
que o próprio Mark O’Brien compartilhou com seus leitores, “As Sessões” poderia
ser um longa em que existe uma exposição muito grande por parte não só das
personagens, como também por parte dos atores que as interpretam. Entretanto,
um fato louvável a se notar em relação ao trabalho de Ben Lewin na direção do
filme é que ele trata a sexualidade de uma forma muito natural, sensível,
bonita e respeitosa. Isso também é resultado direto da forma como Cheryl se
comporta diante de seu paciente.
Por mais estranho
que isso possa parecer, “As Sessões” é uma história de amor, mas principalmente
é o relato do encontro de um homem (Mark O’Brien) consigo mesmo. Ao entrar em
contato com seu lado mais íntimo, Mark vence seus próprios medos e os seus
próprios sentimentos de culpa. Neste sentido, talvez, até mesmo, mais
importante do que o encontro dele com Cheryl, é fundamental a presença do Padre
Brendan (William H. Macy) na vida de Mark. É ele que dá o melhor conselho que o
protagonista de “As Sessões” poderia ouvir: seja romântico. Ao fazer isso, ao
não pensar demais sobre as coisas, Mark, não só dá uma chance a si mesmo, como
também dá uma oportunidade para que toda uma nova porta se abra em sua vida.
INDICAÇÃO:
- Melhor Atriz Coadjuvante: Helen Hunt
por Kamila Azevedo
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