AS AVENTURAS DE PI (Life of Pi, 2012, 127 min)
Produção: Estados Unidos
| Taiwan
Direção: Ang Lee
Roteiro: David Magee,
baseado no romance homônimo (2001) de Yann Martel
Elenco: Suraj Sharma,
Irrfan Khan, Ayush Tando, Gautam Belur,
Adil Hussain, Tabu, Vibish Sivakumar, Rafe Spall.
Pi era um jovem
indiano em busca de um sentido para a sua existência. A história dele poderia
perfeitamente começar com um “era uma vez...”, pois ao entrarmos no cinema para
assistir a “As Aventuras de Pi” (2012)
estamos embarcando no território das fábulas. O próprio Pi, já adulto (Irrfan
Khan), conta sua história a um escritor (Rafe Spall). Desde criança, Pi –
abreviatura de “Piscine”, um nome que lhe rendeu muitos problemas na
infância – busca nas religiões uma explicação, de forma até engraçada (ele
acreditava em várias ao mesmo tempo). Sua busca contrasta com a visão
pragmática do seu pai, para quem “religião é treva”. Mas sua mãe, uma
pessoa espiritualizada, o encoraja. O pai de Pi administra um zoológico, mas
circunstâncias os forçam a vender os animais e transferi-los para outro país.
No trajeto, o barco onde eles viajam naufraga em meio a uma tempestade, e o Pi
adolescente (Suraj Sharma) se vê à deriva no oceano num bote salva-vidas na
companhia do mais temido animal do zoológico, o tigre de Bengala batizado
curiosamente de “Richard Parker”. O filme é baseado no livro de sucesso de Yann
Martel.
Ang Lee é o
cineasta dos personagens em conflito com o meio onde vivem, como visto nas suas
obras mais famosas, os excelentes “O Tigre e o Dragão” (2000) e “O Segredo de
Brokeback Mountain” (2005). Aqui não é diferente. Desta vez, ele conta
uma história claramente alegórica, na verdade uma parábola, sobre alguém que
descobre dentro de si a força para se encontrar no mundo. E o diretor o faz
abraçando ao máximo a característica fantasiosa da sua história, transformando
“As Aventuras de Pi” num verdadeiro espetáculo visual. Os efeitos especiais e
visuais necessários à história são absolutamente perfeitos. Os animais feitos
em computação gráfica interagem de maneira completamente realista com o cenário
e o protagonista humano. Richard Parker é feito em computação e um tigre real
aparece apenas nas cenas em que o animal é visto nadando. E o 3D do filme é o
melhor uso dessa ferramenta por um cineasta desde “A Invenção de Hugo Cabret”
(2011) de Martin Scorsese. Nessa história de tons fantasiosos, o uso do 3D é
não apenas justificado, mas torna-se um item a mais para adicionar esplendor na
concepção visual deste universo fantástico.
Mas é poderosa
alegoria sobre crenças que fica com o espectador ao final do filme. A jornada
de Pi é uma parábola na qual se pode acreditar ou não. Embora para ele
represente a crença em Deus, pode também representar a crença no poder da
fantasia, na capacidade dela de nos explicar conceitos abstratos e complicados
de forma simples. E a fantasia muitas vezes é usada para dar sentido às nossas
experiências – esta parece ser a verdadeira lição de “As Aventuras de Pi”. Você
não precisa necessariamente chegar à mesma conclusão que o narrador, mas ele
realmente conta essa história muito bem. A história é o mais importante em “As
Aventuras de Pi”, e é um conto universal. Afinal, também estamos presos dentro
de nossos próprios barcos, enfrentando nossos tigres particulares.
INDICAÇÕES (4 vitórias):
1. Melhor Filme:
Ang Lee, David Womark e Gil Netter
2. Melhor
Diretor: Ang Lee – venceu
3. Melhor
Roteiro Adaptado: David Magee
4. Melhor
Fotografia: Claudio Miranda – venceu
5. Melhor
Direção de Arte: Anna Pinnock e David Gropman
6. Melhor
Edição: Tim Squyres
7. Melhor Edição
de Som: Eugene Gearty e Philip Stockton
8. Melhor
Mixagem de Som: Doug Hemphill, Drew Kunin e Ron Barlett
9. Melhores
Efeitos Visuais: Bill Westenhofer, Donald Elliot, Erik De Boer e Guillaume
Rocheron – venceu
10. Melhor
Trilha Sonora: Michael Danna – venceu
11. Melhor
Canção Original: Pi’s Lullaby, de
Bombay Jayarish e Michael Danna
por
Ivanildo Pereira
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