O VOO (Flight,
2012, 138 min)
Produção: Estados Unidos
Direção: Robert Zemeckis
Roteiro: John Gatins
Elenco: Deznel Washington, Tamara
Tunie, Brian Geraghty, Don Cheadle, John Goodman, Bruce Greenwood, Kelly Reilly.
Whip Whitman,
vivido por Denzel Washington em “O Voo”
(2012), não é um cara legal. Bebe muito e é usuário de cocaína. É também
piloto de avião, mas do tipo que não deixa o trabalho atrapalhar sua bebedeira.
No primeiro ato do filme, uma emergência transforma Whitman em herói: uma pane
no avião o força a atitudes desesperadas para salvar a aeronave. Primeiro ele a
vira de cabeça para baixo para conseguir nivelar por mais alguns minutos,
depois a pousa num campo aberto. Os problemas começam após o pouso forçado. Um
exame toxicológico atesta que Whitman havia consumido bebida e drogas antes do
voo. Ele passa a enfrentar a ameaça de prisão, já que apesar da manobra ter
salvado o avião, alguns passageiros morreram. Mas a companhia aérea prefere
varrer os detalhes embaraçosos da vida de Whitman para debaixo do tapete...
“O Voo” marca um
retorno para seu diretor Robert Zemeckis. Após dirigir alguns dos maiores
sucessos dos últimos 30 anos, como a trilogia “De Volta Para o Futuro” (1985,
1989, 1990) ou o oscarizado “Forrest Gump: O Contador de Histórias” (1994),
Zemeckis passou a última década fazendo longas animados por captura de
performance (com resultados em geral pouco expressivos). Trata-se de um
cineasta eminentemente técnico, e sua perícia para criar momentos
cinematográficos impressionantes está bem à mostra em “O Voo”. A sequência da
queda do avião é extraordinariamente bem feita – e angustiante para quem já
voou num. A montagem precisa e os efeitos visuais e físicos (como o cenário que
gira) permitem ao espectador compreender as manobras do piloto e suas atitudes
durante a sequência.
O diretor também
tem uma mão boa para conduzir o elenco. O filme conta com Don Cheadle, John
Goodman, Bruce Greenwood e Kelly Reilly, todos ótimos. E Denzel Washington tem
em “O Voo” mais uma grande atuação. O ator merece elogios por sua coragem em
encarnar um sujeito tão desagradável quanto Whitman, e seu desempenho é sempre
sólido. É um tributo ao carisma do ator que o publico não perca interesse no
seu personagem, apesar de suas muitas atitudes questionáveis. Nos seus melhores
momentos, “O Voo” parece um daqueles estudos de personagem que o cinema
americano costumava fazer com mais frequência nos anos 70. Por isso, é uma pena
que o desfecho seja meio forçado e artificial, igual a dezenas de outros longas
hollywoodianos já vistos. É como se o diretor não tivesse a gana de
sustentar até o fim a interessante ideia do inicio, de que mesmo pessoas com
defeitos e problemas podem, sim, ser capazes de grandes atos.
INDICAÇÕES:
1. Melhor Ator:
Denzel Washington
2. Melhor
Roteiro Original: John Gatins
por
Ivanildo Pereira
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