domingo, 26 de agosto de 2012

Opinião 2

Steven Spielberg, premiado pela segunda vez com um Oscar de Melhor Diretor.
A primeira vez havia sido em 1994, quando venceu pelo filme "A Lista de Schindler" (1993).

A cerimônia de entrega do Oscar em 1999 não teve um grande favorito, como “Titanic” (1997), no ano anterior. A disputa foi polarizada entre a superprodução de guerra “O Resgate do Soldado Ryan” (1998) de Steven Spielberg, e o mais modesto “Shakespeare Apaixonado” (1998) de John Madden. “Shakespeare” foi produzido pela Miramax de Harvey Weinstein, produtor que fez fama e fortuna aproximando a sensibilidade de realizadores independentes das grandes massas. Já “Ryan” foi feito pela máquina de Hollywood, pelo diretor mais bem sucedido da história do cinema. No final das contas, ambos saíram consagrados, embora “Shakespeare” tenha ganhado prêmios mais importantes (filme, roteiro original, atriz para Gwyneth Paltrow e atriz coadjuvante para Judi Dench). “Ryan” levou o de melhor diretor para Spielberg (o segundo de sua carreira) e outros prêmios técnicos absolutamente merecidos. Até hoje persiste o debate entre os cinéfilos sobre quem de fato merecia a estatueta de melhor filme – e para muitos, a vitória de “Shakespeare” é considerada uma das maiores mancadas da Academia. O que é injusto, pois apesar de não ser uma obra-prima do cinema, “Shakespeare Apaixonado” é divertido e encantador.

James Coburn: o Melhor Ator Coadjuvante.
Harvey Weinstein e a Miramax também fizeram a sua mágica funcionar ao emplacar “A Vida é Bela” (1997), falado em italiano, entre os concorrentes a Melhor Filme (acabou premiado como Melhor Filme Estrangeiro), e conseguindo uma vitória para Roberto Benigni como Melhor Ator. Embora “A Vida é Bela” seja querido pelo público e tenha muitas qualidades, não se pode deixar de observar que sua aclamação no Oscar foi exagerada.

Contudo, foi um ano de grandes filmes, e muitos estiveram no Oscar de algum modo. “Irresistível Paixão” (1998) estabilizou as carreiras de George Clooney e Steven Soderbergh, e ambos partiram para grandes feitos (no Oscar, inclusive). “Elizabeth” (1998) extraiu drama e suspense de um momento histórico, atraiu público e revelou a todos o talento de Cate Blanchett. O emocionante “Deuses e Monstros” (1998) trouxe a melhor atuação da carreira de Ian McKellen e iniciou a carreira de seu roteirista/diretor, Bill Condon. O Brasil viu “Central do Brasil” (1998) e Fernanda Montenegro ganharem o mundo, num grande trabalho de Walter Salles. “O Show de Truman” (1998) emociona e causa debate até hoje, e mostrou ao mundo que havia algo mais em Jim Carrey além de caretas. Edward Norton impressionou com seu papel de neonazista no chocante “A Outra História Americana” (1998). O diretor Sam Raimi deu um tempo no terror e aventuras com sabor de filmes B e surpreendeu, entregando um dos melhores dramas/suspenses do ano com “Um Plano Simples” (1998), filme irmão de “Fargo” (1996) dos irmãos Coen, consagrado no Oscar alguns anos antes. E o ano ainda presenciou o retorno, após 20 anos, do diretor e roteirista Terrence Malick, cultuado por duas obras-primas nos anos 70 e desaparecido desde então. “Além da Linha Vermelha” (1998), seu filme de guerra, contrasta com o de Spielberg em todos os sentidos possíveis e investiga a relação do homem com a natureza, dentro do microcosmo de uma batalha sangrenta da Segunda Guerra Mundial. De todos os filmes do Oscar daquele ano, era provavelmente o mais autoral e artístico, mas sem chance alguma de ganhar como melhor filme – e de fato, não levou nenhum dos sete prêmios que disputava.

por Ivanildo Pereira

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