quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Amor sem Escalas

Texto adaptado da publicação original no Blog Literatura e Cinema, de 09 de maio de 2010.

AMOR SEM ESCALAS (Up in the Air, 2009, 109 min)
Produção: Estados Unidos
Direção: Jason Reitman
Roteiro: Jason Reitman e Sheldon Turner
Elenco: George Clooney, Vera Farmiga, Anna Kendrick, Jason Bateman.

Indicado a seis categorias, “Amor sem Escalas” (2009) é um dos casos incomuns da cerimônia mais importante do cinema: não é o drama típico que a Academia gostar de indicar ou mesmo premiar. No entanto, os votantes se renderam ao charme do filme e indicaram-no em várias categorias - incluindo Melhor Filme. Honestamente, concordo plenamente com as indicações.

George Clooney combina perfeitamente com o seu personagem, Ryan Bingham. Até diria que não posso imaginar outro ator em seu lugar. O humor e o requinte do personagem exigiam o tom maduro e etéreo de Clooney, que está muito bem na obra, sempre se mostrando eficiente nas propostas do roteiro quanto ao seu personagem: primeiro, fanfarrão e desapegado, bastante esquivo de relacionamentos sociais (quaisquer que sejam); depois, bastante compreensivo e em busca de algo mais sério em sua vida. Tanto antes quanto depois, o ator concebe uma atuação extremamente carismática e divertida. Talvez o que fortaleça a sua interpretação é o roteiro, bastante inteligente na construção da trama, que apresenta bem não somente situações, mas também os personagens.

Ainda que seja uma comédia e romance – quase uma comédia romântica – e tenha alguns elementos típicos dela, “Amor Sem Escalas” não sofre do mal do clichê: as piadas são inteligentes, o envolvimento dos personagens não é pedante, o roteiro prima pela subjetividade, apontando transformações graduais, mostrando evolução linear e calma, de modo que o espectador acompanhe cada momento dos personagens. Simples e eficiente, o roteiro aproxima o espectador de todos os personagens – e honestamente acho que é isso o que faz com que sintamos que todos os atores estejam realmente muito bem em cena.

Como disse, todos parecem bem em cena. E acho mesmo que estejam. A Academia chegou ao ponto de indicar os três atores de destaque - Gegorge Clooney, Anna Kendrick e Vera Farmiga - nas duas categorias correspondentes da premiação: Melhor Ator e Melhor Atriz Coadjuvante. As duas oferecem o charme que o filme requer. Em bons momentos, tanto Kendrik como Farmiga mostram atuações sóbrias e bastante sinceras. Não me restam dúvidas de que o roteiro favorece bem mais Vera Farmiga, já que é a sua personagem que traz mais surpresa e consegue atingir um patamar maior que o de sua parceira de elenco, mesmo que essa apareça em cena muito mais tempo do que aquela. Kendrik compõe bem sua personagem, mas o roteiro é um pouquinho infeliz na sua construção, já que ela é um pouco estereotipada e, às vezes, contraditória. Por causa disso, Kendrik é obrigada a ter uma atuação mais "comum", mas em nenhum momento chega a ser comum mesmo, pois a atriz se mostra plenamente capaz de apresentar algo satisfatória e longe de obviedade. Logo, concordo com a Academia a respeito da indicação das duas atrizes, que decididamente parecem ter sido feitas para filmes desse gênero. A grande surpresa fica por conta de Kendrik, na minha opinião, afinal ela não tem muitos filmes no currículos e dentre os que já fez, estão as obras da saga Crepúsculo – “Crepúsculo” (2008) e “Lua Nova” (2009), filme que foi gravado paralelamente a Up in the Air, fazendo com que a atriz viajasse constantemente de uma cidade à outra para as gravações.

Roteiro e atuações não são o único ponto certo do filme. Há também a direção de Jason Reitman, que antes havia nos trazido “Juno” (2007), outra comédia nesse estilo. O melhor aspecto da direção dele é a pureza que traz ao seus personagens: eles parecem tão sinceros e honestos, que eu nem sequer os vi como "personagens". Sabendo conduzir os seus atores, Jason se arrisca a mostrar uma realidade pura, sem muitos enfeites - tanto coisas boas como ruins acontecem. A somar, há uma belíssima trilha sonora, que faz com o que o filme se amplie e além de ser interessante de se ver, é também interessante de se ouvir. Considerando os vários prós e os poucos contras, acredito que “Amor sem Escalas” seja um filme totalmente recomendável, principalmente para curtir na companhia de alguém legal, talvez até mesmo sozinho. Se há um problema no filme, decerto é o seu título no Brasil, mas isso não se deve a um fator interno – se deve apenas à incapacidade de compreender do que a obra se trata.

INDICAÇÕES:
1. Melhor Filme: Daniel Dubiecki, Ivan Reitman e Jason Reitman
2. Melhor Diretor: Jason Reitman
3. Melhor Ator: George Clooney
4. Melhor Atriz Coadjuvante: Anna Kendrick
5. Melhor Atriz Coadjuvante: Vera Farmiga
6. Melhor Roteiro Adaptado: Jason Reitman e Sheldon Turner

por Luís Adriano de Lima

2 comentários:

Renan disse...

Acho que esse é um filme correto. Todos os envolvidos ficam acima da média, mas não acho isso tudo, não. Porém, gostei bastante de Clooney no longa. Considero-o melhor atuando do que dirigindo.

Nathália disse...

Apesar da qualidade técnica, achei o filme boring.