quarta-feira, 24 de abril de 2013

Lincoln



LINCOLN (Lincoln, 2012, 150 min)
Produção: Estados Unidos
Direção: Steven Spielberg
Roteiro: Tony Kushner, baseado parcialmente na biografia Team of Rivals: The Political Genius Abraham Lincoln (2005), de Doris Kearns Goodwin.
Elenco: Daniel Day-Lewis, Tommy Lee Jones, Sally Field, David Strathairn, Joseph Gordon-Levitt, James Spader, Hal Holbrook, John Hawkes, Jackie Earle Haley, Bruce McGill, Tim Blake Nelson, Joseph Cross, Jared Harris, Lee Pace.

“Lincoln” (2012) de Steven Spielberg não é, a rigor, uma cinebiografia daquele que é considerado o maior de todos os presidentes americanos. O filme na verdade se concentra nos últimos meses do seu mandato em 1865, e a guerra civil já devastava o país há quatro anos. A guerra começou entre os Estados do Sul, agrário e escravocrata, e os do Norte, industrializado e desenvolvido. Quando o filme começa, o Norte (que representa a União) está próximo de ganhar a guerra sobre os estados revoltosos, e o presidente (interpretado por Daniel Day-Lewis) esforça-se para aprovar no congresso a 13ª emenda, para acabar com a escravidão de uma vez por todas. O problema é que poucos, além de Lincoln, queriam a emenda. Dentro do seu partido, o republicano, havia divisões; o partido rival, o democrata, era fervorosamente antiabolicionista. Lincoln precisava de mais 20 votos para fazer passar a emenda que mudaria a história do país, e para isso não hesitou em cooptar apoios, conceder empregos por baixo do pano e fazer alianças – ou seja, praticando a boa e velha “politicagem” tão conhecida em nosso país (e claro, sem se envolver diretamente).

Fazer “Lincoln” era um projeto antigo de Spielberg. O resultado final é o de um filme geralmente sóbrio para os padrões spielberguianos. Todos os aspectos da produção seguiram esse paradigma da sobriedade: a fotografia de tons frios; a trilha discreta de John Williams; os movimentos de câmera esparsos e pouco frequentes. Spielberg preferiu se concentrar no roteiro e filmá-lo de forma elegante e tranquila – o roteiro do filme, baseado em livros sobre Lincoln, foi escrito pelo renomado dramaturgo Tony Kushner, autor também do melhor filme do diretor na década passada, o ainda pouco reconhecido “Munique” (2005).

E a sua condução do elenco é exemplar. Ao longo do filme vemos um inacreditável grupo de atores, todos ótimos: Hal Holbrook, David Strathairn, John Hawkes, Jared Harris, James Spader, Joseph Gordon-Levitt, Sally Field e Tommy Lee Jones. Mas, por melhores que estejam os coadjuvantes, acima de todos paira a interpretação de Daniel Day-Lewis. É impressionante como, em todos os filmes dos quais participou, o ator sempre apareceu como uma pessoa completamente diferente, e em “Lincoln” vemos outro monumental trabalho de caracterização. Ele é tranquilo, enérgico quando precisa ser e até encontra o humor do personagem, transmitido nos “causos” frequentes que o presidente conta. Cada fala, cada inflexão, todos os movimentos e sua postura revelam a personalidade do personagem. “Lincoln” de Spielberg não deixa de “endeusar” o presidente, mas seus atos falam por si. Trata-se de um homem que viu um futuro melhor para o seu país, uma oportunidade para a sua sociedade evoluir e deixar para trás a mácula da escravidão. Ele teve essa visão e a perseguiu ferrenhamente, sem concessões.

INDICAÇÕES (2 vitórias):
1. Melhor Filme: Kathleen Kennedy e Steven Spielberg
2. Melhor Diretor: Steven Spielberg
3. Melhor Ator: Daniel Day-Lewis – venceu
4. Melhor Ator Coadjuvante: Tommy Lee Jones
5. Melhor Atriz Coadjuvante: Sally Field
6. Melhor Roteiro Adaptado: Tony Kushner
7. Melhor Fotografia: Januzs Kaminski
8. Melhor Direção de Arte: Jim Erickson e Rick Carter – venceu
9. Melhor Figurino: Joanna Johnston
10. Melhor Edição: Michal Kahn
11. Melhor Edição de Som: Andy Nelson, Gary Rydstrom e Ron Judkins
12. Melhor Trilha Sonora: John Williams


por Ivanildo Pereira

Um comentário:

Kamila disse...

"Lincoln" é um filme que tem aqueles elementos cinematográficos que a AMPAS valoriza demais. Por isso, acabou sendo o longa mais nomeado ao Oscar 2013. Isso não se converteu em prêmios, mas se trata de um trabalho bem sólido do Steven Spielberg, com um roteiro estupendo do Tony Kushner.