domingo, 2 de setembro de 2012

Coração Louco



CORAÇÃO LOUCO (Crazy Heart, 2009, 112 min)
Produção: Estados Unidos
Direção: Scott Cooper
Roteiro: Scott Cooper
Elenco: Jeff Bridges, Maggie Gyllenhaal, Paul Herman, Tom Bower, Ryan Bingham, Beth Grant, Rick Dial, Debrianna Mansini.

Bad Blake (Jeff Bridges) foi um cantor country de sucesso, mas, aos 57 anos, parece não ter mais salvação. Seus shows acontecem em pequenos bares e seu único objetivo de vida é beber como se não houvesse amanhã. Claramente, ficamos cientes que o personagem já teve dias melhores. Insatisfeito com o declínio e principalmente com a sua atual solidão, Bad se apega ao seu único consolo. Deste modo, não é muito difícil adivinhar como se desenvolve ou termina esta história. Aliás, já vale destacar que "Coração Louco" (2009) não é um filme original, muito pelo contrário. O filme se desenvolve basicamente em cima de clichês, assim como o seu personagem que não foge à regra quando o tema abordado é vício e alcoolismo.

O roteiro se divide em três estágios genéricos: o declínio, a aceitação da situação atual e, claro, a mudança final, ou aquela revitalização do ser humano. Sem tirar nem por, acompanhamos o declínio e a ressurreição de Bad Blake. "Coração Louco" acontece de forma óbvia e não possui praticamente nenhuma surpresa, porém, isso mais do que esperado. O seu roteiro é bem amarrado, mas ainda sim, é impossível não sentir aquela vaga sensação de déjà vu em cada cena. A direção de Scoott Cooper é comum e aposta num drama meloso com direto a muitas pausas para música country e triste interpretada pelo próprio personagem principal (além de um romance enfadonho). Ou seja? "Coração Louco" acaba sendo, infelizmente, um filme banal.

Claro que há uma ótima interpretação por parte de Jeff Bridges, mas isso também era esperado. Afinal, temos um personagem interessante e um bom ator para torná-lo real. Portanto, esbarramos em outra situação óbvia. O Oscar ganho por Bridges não é de todo equivocado, mas ainda não era o seu momento. É sabido que o ator ainda entregaria outra ótima atuação no ano seguinte. Maggie Gyllenhaal, também indicada ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante, também possui uma atuação razoável, mas nada que justifique a sua indicação já que a personagem não chega a ser tão interessante dentro da trama. "Coração Louco" possui bons momentos e até mesmo boas intenções, mas é um filme tão esquecível que acho que nem o próprio Bridges deve se lembrar que foi este o filme que lhe rendeu seu tão esperado Oscar.

INDICAÇÕES (2 vitórias):
1. Melhor Ator: Jeff Bridges – venceu
2. Melhor Atriz Coadjuvante: Maggie Gyllenhaal
3. Melhor Canção Original: The Weary Kind, de Ryan Bringham e T-Bone Burnett – venceu

por Alan Raspante

5 comentários:

Luís disse...

Concordo com seu texto, Alan, sobretudo quando aponta a fórmula do filme, que é mesmo já de conhecimento geral. Mas, ainda assim, acho que o resultado é positivo, em especial por causa das interpretações de Bridges e Gyllenhaal, ambos muito eficientes.

Wilson Antonio disse...

Adorei o texto Alan! Enxuto e muitíssimo bem escrito, recordando essa tocante obra que me cativou tanto. Bridges realmente mereceu os louros por esse trabalhou e curti muito a sua analise do roteiro. Parabéns! Grande Abraço

Alan Raspante disse...

Obrigado, Wilson!
Fico realmente feliz por ter gostado do texto :)

Abs.

Kamila disse...

Parabéns pelo texto, Raspante, que resume muito bem o que é "Coração Louco". Acho o filme legal, mas acredito que a melhor qualidade do longa acaba sendo mesmo a atuação do Jeff Bridges, que, você bem lembrou, não era o melhor dos indicados no ano em que venceu. :)

Rafael W. disse...

É convencional, mas nem tão esquecível assim. Mas desaprovo o Oscar do Jeff Bridges.

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