domingo, 16 de setembro de 2012

Guerra ao Terror



GUERRA AO TERROR (The Hurt Locker, 2008, 131 min)
Produção: Estados Unidos
Direção: Kathryn Bigelow
Roteiro:  Mark Boal
Elenco:  Jemery Renner, Anthony Mackie, Brian Geraghty, Guy Pearce, Ralph Fiennes, David Morse, Evangeline Lilly, Christian Camargo.

“Guerra ao Terror” (2008) abre com uma estranha citação: “A guerra é um vício”. Essa ideia estará presente ao longo de toda a narrativa, enquanto acompanhamos o dia-a-dia de um esquadrão de desarmamento de bombas servindo no Iraque. O sargento Sanborn (Anthony Mackie) e o especialista Eldridge (Brian Geraghty) presenciam, na cena inicial, a morte de seu oficial superior numa explosão. Para substituí-lo, chega o sargento William James (Jeremy Renner). James, no entanto, é ousado e praticamente viciado em adrenalina. Ele guarda uma coleção de dispositivos detonadores embaixo da cama e, diferentemente dos seus companheiros, parece adorar estar ali. De missão em missão, cada uma mais perigosa que a anterior, James vai levar a si mesmo e ao seu esquadrão ao limite – e a próxima bomba pode estar em qualquer lugar.

Fazer “Guerra ao Terror” também foi uma verdadeira batalha para a diretora Kathryn Bigelow e sua equipe. Após alguns pequenos sucessos nos anos 80 e começo dos 90 (curiosamente em filmes de ação, um território geralmente não explorado por uma mulher), a carreira dela encontrava-se estagnada até encontrar esse roteiro de Mark Boal. A produção, de orçamento apertado, foi filmada principalmente na Jordânia, substituindo o Iraque e os desertos circundantes. Mas nenhuma dessas dificuldades transparece no resultado final. A edição rápida, a câmera perpetuamente na mão (acentuando a natureza nervosa da história) e a fotografia quente e suja de Barry Ackroyd fazem de “Guerra ao Terror” uma verdadeira aula de tensão. Bigelow também escolheu atores desconhecidos para aumentar ainda mais a sensação de “tudo pode acontecer”. Renner e Mackie, por causa de “Guerra ao Terror”, vêm tendo carreiras bem sucedidas (o primeiro foi indicado ao Oscar por sua fantástica atuação aqui).

Existem muitos filmes que dizem “a guerra é um horror”. Mas existem poucos com a coragem de abordar o lado psicológico dos indivíduos atraídos por ela. É uma constatação óbvia: o Homem gosta da guerra (claro, nem todos, mas se não existisse um apelo, já teríamos abandonado os conflitos há milênios). Nos últimos minutos do filme, James retorna brevemente ao lar e à sua família, e parece não saber o que fazer. Ele só é feliz no conflito, e demonstrar essa ideia sem patriotismos e com muita tensão e envolvimento é o maior mérito de Kathryn Bigelow e sua equipe. “Guerra ao Terror” não foi sucesso de público, como todos os outros filmes a enfocar o conflito no Iraque, mas é o melhor deles e o mais lúcido ao examinar o lado selvagem do Homem.

INDICAÇÕES (6 vitórias):
1. Melhor Filme: Kathryn Bigelow, Mark Boal, Greg Shapiro e Nicolas Chartier - venceu
2. Melhor Diretor: Katheryn Bigelow – venceu *
3. Melhor Ator: Jeremy Renner
4. Melhor Roteiro Original: Mark Boal – venceu
5. Melhor Fotografia: Barry Ackroyd
6. Melhor Trilha Sonora Original: Marco Beltrami e Buck Sanders
7. Melhor Edição: Bob Murawski e Chris Innis – venceu
8. Melhor Edição de Som: Paul N. J. Ottosson – venceu
9. Melhor Mixagem de Som: Paul N. J. Ottosson e Ray Beckett – venceu

* A vitória de Kathryn tornou-a a primeira mulher a vencer o prêmio na categoria de Melhor Direção.

por Ivanildo Pereira

Um comentário:

Luís disse...

Um filme interessante, mas, acho, mais interessante do que ele é abordagem do seu texto. Realmente instigante. E acho que o filme teve seus méritos, apesar de alguns dizerem que foi modinha indicá-lo em tantas categorias e também premiá-lo tanto. Talvez não fosse mesmo o melhor filme concorrendo, mas, ainda assim, um bom filme.