GUERRA AO TERROR (The Hurt Locker, 2008, 131 min)
Produção: Estados Unidos
Direção: Kathryn Bigelow
Roteiro: Mark Boal
Elenco: Jemery Renner, Anthony Mackie, Brian Geraghty,
Guy Pearce, Ralph Fiennes, David Morse, Evangeline Lilly, Christian Camargo.
“Guerra ao Terror”
(2008) abre com
uma estranha citação: “A guerra é um vício”. Essa ideia estará presente ao
longo de toda a narrativa, enquanto acompanhamos o dia-a-dia de um esquadrão de
desarmamento de bombas servindo no Iraque. O sargento Sanborn (Anthony Mackie)
e o especialista Eldridge (Brian Geraghty) presenciam, na cena inicial, a morte
de seu oficial superior numa explosão. Para substituí-lo, chega o sargento
William James (Jeremy Renner). James, no entanto, é ousado e praticamente
viciado em adrenalina. Ele guarda uma coleção de dispositivos detonadores
embaixo da cama e, diferentemente dos seus companheiros, parece adorar estar
ali. De missão em missão, cada uma mais perigosa que a anterior, James vai
levar a si mesmo e ao seu esquadrão ao limite – e a próxima bomba pode estar em
qualquer lugar.
Fazer “Guerra ao Terror” também foi uma verdadeira batalha
para a diretora Kathryn Bigelow e sua equipe. Após alguns pequenos sucessos nos
anos 80 e começo dos 90 (curiosamente em filmes de ação, um território
geralmente não explorado por uma mulher), a carreira dela encontrava-se
estagnada até encontrar esse roteiro de Mark Boal. A produção, de orçamento
apertado, foi filmada principalmente na Jordânia, substituindo o Iraque e os
desertos circundantes. Mas nenhuma dessas dificuldades transparece no resultado
final. A edição rápida, a câmera perpetuamente na mão (acentuando a natureza
nervosa da história) e a fotografia quente e suja de Barry Ackroyd fazem de
“Guerra ao Terror” uma verdadeira aula de tensão. Bigelow também escolheu
atores desconhecidos para aumentar ainda mais a sensação de “tudo pode
acontecer”. Renner e Mackie, por causa de “Guerra ao Terror”, vêm tendo
carreiras bem sucedidas (o primeiro foi indicado ao Oscar por sua fantástica
atuação aqui).
Existem muitos filmes que dizem “a guerra é um horror”.
Mas existem poucos com a coragem de abordar o lado psicológico dos indivíduos
atraídos por ela. É uma constatação óbvia: o Homem gosta da guerra (claro, nem
todos, mas se não existisse um apelo, já teríamos abandonado os conflitos há
milênios). Nos últimos minutos do filme, James retorna brevemente ao lar e à
sua família, e parece não saber o que fazer. Ele só é feliz no conflito, e
demonstrar essa ideia sem patriotismos e com muita tensão e envolvimento é o
maior mérito de Kathryn Bigelow e sua equipe. “Guerra ao Terror” não foi
sucesso de público, como todos os outros filmes a enfocar o conflito no Iraque,
mas é o melhor deles e o mais lúcido ao examinar o lado selvagem do Homem.
INDICAÇÕES (6 vitórias):
1. Melhor Filme: Kathryn Bigelow, Mark Boal, Greg Shapiro
e Nicolas Chartier - venceu
2. Melhor Diretor: Katheryn Bigelow – venceu *
3. Melhor Ator: Jeremy Renner
4. Melhor Roteiro Original: Mark Boal – venceu
5. Melhor Fotografia: Barry Ackroyd
6. Melhor Trilha Sonora Original: Marco Beltrami e Buck
Sanders
7. Melhor Edição: Bob Murawski e Chris Innis – venceu
8. Melhor Edição de Som: Paul N. J. Ottosson – venceu
9. Melhor Mixagem de Som: Paul N. J. Ottosson e Ray
Beckett – venceu
* A vitória de Kathryn tornou-a a primeira mulher a vencer
o prêmio na categoria de Melhor Direção.
por Ivanildo Pereira
Um comentário:
Um filme interessante, mas, acho, mais interessante do que ele é abordagem do seu texto. Realmente instigante. E acho que o filme teve seus méritos, apesar de alguns dizerem que foi modinha indicá-lo em tantas categorias e também premiá-lo tanto. Talvez não fosse mesmo o melhor filme concorrendo, mas, ainda assim, um bom filme.
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