O MENSAGEIRO (The Messenger, 2009, 113 min)
Produção: Estados Unidos
Direção: Oren Moverman
Roteiro: Oren Moverman e Alessandro Camon
Elenco: Ben Foster, Samantha Morton,
Woody Harrelson, Eammon Walker, Jena Malone, Portia, Lisa Joyce.
Nomeado nas categorias de Melhor Ator Coadjuvante (Woody
Harrelson) e Melhor Roteiro Original (Alessandro Camon, Oren Moverman) na
edição do Oscar de 2010, “O Mensageiro”
(2009) é uma das gratas surpresas lançadas em circuito no ano de 2009. Em
uma temporada onde a academia voltou a indicar 10 filmes para a categoria
principal, é estranho que essa obra dirigida pelo então estreante Oren Moverman
não conste entre os citados. “O Mensageiro” é facilmente mais interessante,
para não dizer melhor, do que boa parte indicados, cito brevemente alguns
exemplos: “Preciosa – Uma História de Esperança” (2009), “Amor sem Escalas”
(2009) ou “Um Sonho Possível” (2009). Isso lembrando somente os menos
importantes, porque acredito que o filme faça páreo duro com qualquer um dos
indicados.
A trama de “O Mensageiro” enfoca no singular trabalho de
dois militares, o sargento Will Montgomery (Ben Foster) e o capitão Tony Stone
(Woody Harrelson). Egressos de guerras e condecorados, a missão diária da dupla
é comunicar aos parentes a morte dos seus entes em campo de batalha. A guerra
em questão é a do Iraque e sabe-se que o governo americano omitiu muitas
baixas, tentando fazer propaganda de uma tomada pacífica do país de Saddam Hussein.
Apesar dessa crítica explícita a politicagem ianque, o filme passa longe de ser
uma análise profunda dessas engrenagens, a intenção é trazer um olhar humano
sobre a perda dessas famílias. Afinal, os EUA estão metidos em conflitos desde
sempre e um dos lastimáveis subprodutos da guerra são os inúmeros soldados que
voltam para o país dentro de sacos e além da tristeza da morte, não é justo que
sejam tratados como números, porque além de soldados, eles foram pais, filhos,
maridos, os verdadeiros alicerces da sociedade americana.
Então, devidamente apresentados a Will e Tony, vamos
acompanhado o cotidiano de más noticias que a dupla propaga. Um ofício
indecoroso, frustrante, no qual para ser bem sucedido é necessário adequar-se a
cartilha da secretaria de segurança: nada de contatos físicos com os parentes
da vítimas, comunicar a notícia de uma forma fria, lamentar a perda e passar
para o próximo da lista. Nessa peregrinação, “O Mensageiro” vai nos mostrando
um EUA repleto de mazelas e cicatrizes profundas que somente uma guerra pode
gerar. O talentoso elenco coadjuvante que vive os parentes visitados também é
um dos acertos do filme, com destaque para Steve Buscemi proferindo um discurso
que muito cidadão americano gostaria de fazer. Esse panorama melancólico ganha
novos ares quando Will se sente atraído por um das viúvas, interpretada muito
bem por Samantha Morton. A atriz se despe de beleza para trazer a honestidade
dolorosa que sua personagem necessita e fazer com que o improvável
relacionamento soe sincero.
O roteiro original de Moverman e Camon pontua com
eficiência as problemáticas e a direção segura de suas escolhas, inicialmente,
nos apresenta um filme frio, para depois ir ganhando emoção e aproximando cada
vez mais o espectador da história. A dupla protagonista, Foster e Harrelson,
são o coração do filme e dimensionam seus personagens com a naturalidade das
grandes atuações. No meu ponto de vista, assim como Harrelson foi indicado para
coadjuvante, Foster deveria ter sido nomeado a Melhor Ator, facilmente seu
personagem é mais interessante que o Mandela de Morgan Freeman. Enfim,
comparações sempre vão render discussões e “O Mensageiro” mesmo que não tenha
sido agraciado com nenhuma estatueta ou pelo menos lembrado para outras
categorias, ainda assim, é um dos relevantes filmes da cerimônia de 2010.
INDICAÇÕES:
1. Melhor Ator Coadjuvante: Woody Harrelson
2. Melhor Roteiro Original: Oren Moverman e Alessandro
Camom
por Celo Silva
Um comentário:
É um drama pesado e realista sobre as consequências da guerra na volta dos soldados e das famílias que perderam filhos, irmãos, etc.
A dupla principal é a alma do filme e como você bem citou, a pequena participação de Steve Buscemi é importantíssima.
Abraço
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