PRECIOSA – UMA
HISTÓRIA DE ESPERANÇA (Precious: Based on the Novel 'Push' by Sapphire,
2009, 110 min)
Produção: Estados Unidos
Direção: Lee Daniels
Roteiro: Geoffrey Fletcher
Elenco: Gabourey Sidibe, Mo’Nique, Paula
Patton, Mariah Carey, Sherri Sheperd, Lenny Kravitz.
Quando pensamos em Hollywood, logo nos vêm à cabeça a
idéia dos blockbusters, fama e
dinheiro. Grande parte disso se deve ao estrelismo do cinema da década de
70 a 80 quando o imperialismo fílmico do cinema norte-americano se firmou tendo
como representantes iniciais “Tubarão” (1975) e “Guerra nas Estrelas”
(1977). É válido lembra que essa situação foi amplamente criticada pelos
pensadores Theodor Adorno e Walter Benjamin.
Mas não só de filmes arrasa-quarteirões vive o cinema.
Longas considerados de baixo orçamento muitas vezes são a pedra no sapato na
potente indústria hollywoodiana. Como exemplo da 82º edição do Oscar, podemos
citar o embate de “Avatar” (2009) vs. “Guerra ao Terror” (2008), sendo que
“Avatar” custou U$ 500 milhões (entre orçamento e divulgação) e “Guerra ao Terror”
apenas U$ 11 milhões , o que não impediu de que este segundo fosse mais
reconhecido nas premiações. Nessa situação também está “Preciosa – Uma História de Esperança”
(2009), que será tratado daqui pra frente apenas como “Preciosa”. O filme
de Lee Daniels foi feito com apenas U$ 10 milhões, mas pouco dinheiro não significa pouca qualidade.
1987, Nova York, bairro do Harlem. Claireece
"Preciosa" Jones (Gabourey Sidibe) é uma adolescente de 16 anos que
sofre uma série de privações durante sua juventude. Violentada pelo pai (Rodney
Jackson) e abusada pela mãe (Mo'Nique), ela cresce irritada e sem qualquer tipo
de amor. O fato de ser pobre e gorda também não a ajuda nem um pouco. Além
disto, Preciosa tem um filho apelidado de "Mongo", por ser portador
de síndrome de Down, que está sob os cuidados da avó. Quando engravida pela
segunda vez, Preciosa é suspensa da escola. A Sra. Lichtenstein (Nealla Gordon)
consegue para ela uma escola alternativa, que possa ajudá-la a melhor lidar com
sua vida. Lá, Preciosa encontra um meio de fugir de sua existência traumática,
se refugiando em sua imaginação. (fonte: adorocinema.com, acesso em 19 de
agosto de 2012)
Como a sinopse mostra, “Preciosa” é um filme forte, muito
forte, chegando ao apelativo. Na personagem principal colocaram praticamente
todas as minorias: ela é pobre, negra, gorda e acaba por se descobrir aidética
(só faltava ser lésbica!). Tratado com certo maniqueísmo, onde a mãe é mostrada
de forma diabólica (aqui Mo’nique está numa interpretação excelente) e a lead
actress se vê perdida na vida, o filme acaba por conquistar nossa
compaixão, através de algumas lágrimas, é claro.
Durante o longa, é possível reunir alguns ensinamentos que o roteiro quis nos passar. Um deles é a questão da dominância feminina. Desde a mãe monstruosa, passando pela professora que tenta re-inserir garotas-problemas na sociedade até a assistente social com quem Preciosa vai falar sobre os dramas doméstico, o filme e o roteiro são focados em personagens femininas. Outro ponto sobre o qual vale a pena comentar é o papel da escola. É só depois de estar em sistema educacional segmentado para um tipo específico de público que Preciosa começa a ter um entendimento melhor do mundo, uma vez que também está cercada de garotas em situações que se assemelham a dela. A questão da violência doméstica e da humilhação sofrida em casa também é gritante. Vale a pena ver a cena em que a mãe obriga a filha a comer um pé de porco nojentíssimo mesmo sem que a garota esteja com fome. Por fim, temos a percepção do quanto a cultura midiática tem peso sobre a personagem. Em várias passagens, vemos Preciosa querendo se enquadrar na sociedade, dizendo que gostaria de ter um namorado com pele clara, ser magra e ser capa de revista. “Preciosa” é isso: um filme pesado que tem diálogos fortíssimos, que nos fazem ficar tenso, mas que no final, nos passa uma mensagem boa, de superação e de amor-próprio.
INDICAÇÕES:
1. Melhor Filme: Lee Daniels, Gary Magness e Sarah
Siegel-Magness
2. Melhor Diretor: Lee Daniels
3. Melhor Atriz: Gabourey Sidibe
4. Melhor Atriz Coadjuvante: Mo’Nique – venceu
5. Melhor Roteiro Adaptado: Geoffrey Fletcher – venceu
6. Melhor Edição: Joe Klotz
por Renan do Prado
Alves
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