segunda-feira, 22 de abril de 2013

Melhor Ator | Melhor Atriz



INDICADOS:
- Bradley Cooper por “O Lado Bom da Vida” (2012)
- Daniel Day-Lewis por “Lincoln” (2012)
- Denzel Washington por “O Voo” (2012)
- Hugh Jackman por “Os Miseráveis” (2012)
- Joaquin Phoenix por “O Mestre” (2012)

Assim como na categoria Melhor Atriz, apenas dois dos cinco indicados chegaram ao Oscar pela primeira vez. Pode-se dizer que essa categoria definitivamente foi marcada pela presença de atores maduros profissionalmente cujas carreiras estão consolidadas. Talvez o mais interessante seja observar a variedade presente na categoria no que tange às características dos personagens interpretados pelos atores nominados: um ex-professor de História tentando se reabilitar socialmente a fim de reconquistar sua esposa, encontrando, porém, um contraponto numa mulher tão complicada quanto ele (Cooper); um homem perseguido durante a Revolução Francesa que eventualmente enriquece (Jackman); um seguidor fiel e problemático do fundador da Cientologia (Phoenix); um piloto de avião cuja capacidade é posta em prova mesmo depois de ele ter salvado um avião de um desastre iminente (Washington); e, por fim, um dos mais conhecidos e importantes presidentes dos Estados Unidos (Day-Lewis). Ademais, essa é a categoria de atuação que apresenta o maior número de não-americanos nominados, sendo 46,4 anos a média de idade dos atores.

Comecemos por Bradley Cooper, que aos 37 anos é o mais jovem na categoria. A trajetória do ator se divide praticamente em trabalhos para a TV e para o cinema, dos quais podemos destacar a série televisiva “Alias – Codinome: Perigo” (2001-2006), da qual ele participou ao longo das seis temporadas e na qual o ator interpretou Will Tippin, melhor amigo de Sidney Bristow, personagem de Jennifer Garner. Além disso, destacando seus filmes mais conhecidos, pode-se citar “Idas e Vindas do Amor” (2010) e “Se Beber, Não Case!” (2009) e sua continuação, “Se Beber, Não Case! Parte II” (2011), títulos que definitivamente colocaram Bradley Cooper no gosto do público. Associado então aos filmes cômicos, coube ao ator a vaga para dar vida a Pat Solitano Jr., protagonista da tragicomédia romântica “O Lado Bom da Vida” (2012), que acabou por lhe render sua primeira nominação ao Oscar.

O outro estreante da noite, Hugh Jackman, já tinha conquistado fãs muito antes – tendo iniciado com participações em séries de TV em meados da década de 90, o ator começou o novo milênio fazendo-se notório como Wolwerine na adaptação dos quadrinhos “X-Men: O Filme” (2000), que rendeu duas continuações (2003, 2006), um spin-off (2009), um reboot (2011) e um filme a ser lançado em 2013. Além disso, o ator já havia interpretado Van Helsing em 2004, já havia trabalhado sob a direção de Darren Aronofsky em “A Fonte da Vida” (2006), de Christopher Nolan em “O Grande Truque” (2006) e Baz Luhrmann em “Austrália” (2009). Mas é bobagem pensar que o ator tinha prestígio apenas entre o público do cinema, afinal sua carreira também se estende às peças teatrais musicais, área na qual já foi até premiado com o Tony – troféu máximo do teatro –, e também às apresentações como host, tendo sido responsável três vezes por comandar a premiação do Tony (por uma delas, venceu o Emmy pelo seu trabalho) e, em 2009, ficou sob seu encargo a tarefa de comandar o Oscar, o que lhe rendeu muito elogios. Iniciante em indicações – que se deu ao interpretar Jean Valjean em “Os Miseráveis”, adaptação do romance de Victor Hugo –, o ator não era de modo algum iniciante em reconhecimento, seja por público ou crítica.


Indicado
Idade
País
Indicações pré-2013
Vitórias pré-2013
Lead
Supporting
Bradley Cooper
37
USA
0
0
0
Daniel Day-Lewis¹
55
ENG
5
0
2
D. Washington²
58
USA
3
2
2
Hugh Jackman
44
AUS
0
0
0
Joaquin Phoenix
38
PRC
1
1
0
¹ Daniel Day-Lewis era um de 9 atores que ganharam dois Oscars de Melhor Ator.
² Denzel Washington é um de 6 atores que ganharam em ambas as categorias masculinas de atuação.

Joaquin Phoenix surge com uma interpretação que definitivamente fez com que os cinéfilos se encantassem. Já nominados duas vezes anteriormente – a primeira como Melhor Ator Coadjuvante por “Gladiador” (2000) e a segunda como Melhor Ator por “Johnny e June” (2005) –, a parceria em “O Mestre” (2012) com Paul Thomas Anderson, outro querido dos cinéfilos, rendeu-lhe sua terceira nominação. Curiosamente, Daniel Day-Lewis, contra quem Phoenix competiu não apenas no Oscar, mas também em outras grandes premiações, disse numa oportunidade que a melhor interpretação masculina do ano pertencia a Phoenix. A Academia não concordou e coube ao ator, pois, apenas a indicação pelo seu trabalho como Freddie Quell, um homem que eventualmente conhece Lancaster Dodd (Phillip Seymour Hoffman) e “A Causa”, tornando-se seguidor tanto do homem quanto de sua religião.

Os dois últimos nominados estão noutro patamar. Cooper e Jackman jamais haviam sido nominados e Phoenix já concorrera, sem, porém, vencer. Esses dois últimos se diferem justamente por já ter vencido – e, curiosamente, duas vezes. São também os mais velhos dentre os nominados nessa categoria. Além disso, com a indicação de um (Washington) e com a vitória do outro (Day-Lewis), ambos fizeram história no Oscar. 

Denzel Washington dispensa apresentações já que o ator é bastante popular no cinema, já tendo apresentado títulos que são sucessos de bilheteria e de crítica. Sua história no Oscar começa em 1988, quando foi indicado pela primeira vez na categoria de coadjuvante por “Um Grito de Liberdade” (1987), categoria na qual concorreria novamente em 1990, desta vez vencendo, por “Tempo de Glória” (1989). Suas indicações seguintes viriam todas na categoria principal pelos filmes “Malcolm X” (1992), “Hurricane: O Furacão” (1999) e “Dia de Treinamento” (2001) – vencendo novamente na última vez. Com 5 indicações até então, ele era – juntamente com Jack Lemmon, Kevin Spacey, Jack Nicholson, Gene Hackman e Robert De Niro – um dos pouco atores a ter vencido em ambas as categorias. Com sua indicação em 2013, somando 6 nominações, ele se tornou o ator afro-americano que mais competiu em categorias de atuação, saindo do empate no qual estava com Morgan Freeman (indicado em 1988, 1990, 1995, 2005 e 2010).

Daniel Day-Lewis não deve ser um nome tão popular quanto o de Washington. Apesar de a crítica e os cinéfilos apreciarem bastante o trabalho de Day-Lewis, o ator não é exatamente muito popular, sobretudo por ser bastante seleto na sua escolha. Uma amostra disso é a quantidade de filmes que faz. Considerando da década de 2000 em diante, o ator participou de apenas 5 títulos, tendo sido nominado por três deles. Venceu por “Meu Pé Esquerdo” (1989), na primeira vez em que concorreu; concorreu mais tarde outras duas vezes, por “Em Nome do Pai” (1993) e “Gangues de Nova York” (2002); na quarta oportunidade, venceu outra vez, por “Sangue Negro” (2007). E, tornando-se singular na história do Oscar, por seu desempenho como Abraham Lincoln no filme “Lincoln” (2012), tornou-se o primeiro e hoje único ator a ter três prêmios na categoria principal de atuação masculina.

 INDICADAS:
- Emmanuelle Riva por “Amor” (2012)
- Jennifer Lawrence por “O Lado Bom da Vida” (2012)
- Jessica Chastain por “A Hora Mais Escura” (2012)
- Naomi Watts por “O Impossível” (2012)
- Quvenzhané Wallis por “Indomável Sonhadora” (2012)

A categoria Melhor Atriz tinha duas atrizes novatas e três veteranas. Em relação às novatas – Wallis e Riva –, elas configuram momentos históricos na categoria: tratam-se, respectivamente, da atriz mais jovem e da atriz mais velha já indicadas; são também a mais nova e a mais velha dentre os 20 indicados. Em relação às atrizes veteranas, todas trazem no seu histórico apenas uma indicação anterior, sendo, portanto, relativamente “novas” no Oscar. Com faixa etária média de 39,2 anos, é também a categoria mais “jovem” das quatro de atuação. Nenhuma das atrizes indicadas venceu o prêmio anteriormente, sendo, pois, o prêmio inédito a qualquer uma que vencesse. As personagens são diversas: uma jovem viúva que perdeu o emprego por manter relações com todos e que eventualmente encontra um rapaz tão desequilibrado quanto ela (Lawrence); uma agente da CIA que dedicou os últimos onze anos de sua vida a procurar o Osama Bin Laden (Chastain); uma senhora afetada por uma doença que gradualmente vai morrendo (Riva); uma garota cuja realidade para ser assombrada pela necessidade de abandonar o local onde mora (Wallis); e uma mãe cujas férias são terrivelmente afetadas pelo tsunami que arrasou a costa tailandesa em 2004 (Watts). Ainda acerca da categoria como um todo, pode-se dizer que parte da surpresa ficou por conta da não-nominação de Marion Cotillard (por “Ferrugem e Osso”, 2012), que vinha sendo indicada em todos os prêmios relevantes como Globo de Ouro, SAG e BAFTA.

Indicada
Idade
País
Indicações pré-2013
Vitórias pré-2013
Lead
Supporting
Emmanuelle Riva
86
FRA
0
0
0
J. Lawrence
22
USA
1
0
0
Jessica Chastain
35
USA
0
1
0
Naomi Watts
44
ENG
1
0
0
Q. Wallis
9
USA
0
0
0

Curiosamente, duas das indicadas têm duas características em comum: a perda do protagonismo conforme a obra pela qual foram nominadas se desenvolve e isso se deve justamente às situações nas quais as suas personagens estão inseridas, e também o fato de não serem norte-americanas. 

Emmanuelle Riva é uma octogenária, musicista aposentada, cuja saúde fica abalada depois de um derrame; gradualmente, a mulher fica entravada na cama enquanto seu marido precisa lidar com a difícil situação na qual se encontra. Dado o roteiro, como se vê, a partir de um momento, a personagem de Riva esmaece, cabendo o foco ao seu marido. A atriz francesa jamais havia sido nominada, apesar do seu longevo trabalho como intérprete – para se ter noção, a atriz está ativa há mais de cinqüenta anos, sendo alguns dos seus filmes mais conhecidos “Hiroshima, Meu Amor” (1959), Léon Morin, prêtre (1961), La Passion de Bernadette (1989) e “A Liberdade É Azul” (1993). Aos 85 anos, fez história ao seu tornar a atriz mais velha já indicada na categoria Melhor Atriz, superando os 80 anos que Jessica Tandy tinha à época de sua nominação e vitória por “Conduzindo Miss Daisy” (1989).

A segunda atriz em situação semelhante à de Riva é Naomi Watts, que havia sido indicada anteriormente na mesma categoria em 2004 pelo seu desempenho em “21 Gramas” (2003). Como Maria Bennett, a atriz dá vida a uma personagem que presencia os tsunamis de 2004 e que é literalmente arrastada, ferida, cortada. Com tanta dor no primeiro terço do filme – momento em que o foco narrativo está nela –, a personagem some um pouco depois de modo que a câmera foque o resto de sua família. Além desse detalhe em relação à sua personagem, Watts é, como Riva, a estrangeira da categoria. Se Riva é uma atriz que precisa de apresentações para o público geral, Watts as dispensa, afinal, todos conhecem seus trabalhos, em especial os títulos “Cidade dos Sonhos” (2001), o remake “O Chamado” (2002), a comédia de David O. Russel “Huckabees – A Vida É uma Comédia” (2004) e a obra ultraviolenta de Michael Haneke “Violência Gratuita” (2007). Como curiosidade, vale apontar que Watts já trabalhou com dois diretores cujos trabalhos em 2012 renderam indicações a duas de suas concorrentes (Lawrence e Riva).

Quvenzhané Wallis foi a grande surpresa na lista. Especialmente pelo fato de que ela tem apenas 9 anos, tornando-se a atriz mais jovem a ser indicada, posto antes ocupado por Keisha Castle-Hughes, nominada em 2004 (competiu com Naomi Watts) por “Encantadora de Baleias” (2003). Não é apenas a mais jovem, mas é também uma das poucas intérpretes afro-americanas nominadas na categoria (apenas a décima em 85 anos de premiação). A indicação de Wallis, no entanto, é muito mais ousada, já que esse filme se trata, na verdade, do primeiro trabalho como atriz da garota. Mas a coisa vai além: apesar de o filme ter sido liberado em 2012, ele foi rodado em 2009 – Wallis completou 6 anos durante as filmagens. Retomando: a atriz foi nominada aos 9 anos, tornando-se a mais jovem da história, por uma obra realizada quando ela tinha 6 anos!

As duas últimas são aquelas em quem recaíam as expectativas. Empataram no Globo de Ouro quando recebeu cada uma o prêmio na respectiva categoria – uma como Melhor Atriz em Drama e a outra como Melhor Atriz em Comédia e/ou Musical. 

Jennifer Lawrence teve sempre um advento engraçado para acompanhar suas vistorias: o vestido rasgado no Globo de Ouro e o tropeço desafortunado no Oscar. Ela, que em 2010 se tornou a segunda atriz mais jovem nominada (sendo Castle-Hughes, à época, a primeira) devido à sua indicação por “Inverno da Alma” (2009), acabou se tornando em 2013 a segunda atriz mais jovem a receber o prêmio, ficando apenas atrás de Marlee Matlin por “Filhos do Silêncio” (1986). Seus filmes mais famosos, além daquele pelo qual foi anteriormente nominada, são “X-Men: Primeira Classe” (2011) e “Jogos Vorazes” (2012), sendo que a carreira jovem da atriz é bastante marcada por filmes independentes.

A última nominada é aquela cujo nome o público do cinema não conhecia em 2009, mas que se fez notar em 2010, ano em que participou de 3 filmes, e obrigou todos a verem-na em 2011, estando no elenco de 6 títulos lançados comercialmente. Jessica Chastain vem recebendo boas críticas e conquistando admiradores e isso talvez se deva ao ritmo veloz com que trabalha. “No Limite da Mentira” (2010), “O Abrigo” (2011) e “A Árvore da Vida” (2011) são possivelmente seus trabalhos mais chamativos, mas foi por “História Cruzadas” (2011) que a atriz recebeu sua primeira nominação, que ocorreu na categoria de coadjuvante. Pelo seu trabalho com Kathryn Bigelow, agora aficionada pela Inteligência americana e suas histórias marcantes, Chastain recebeu sua segunda indicação por “A Hora Mais Escura” (2012) interpretando uma mulher cuja vida foi dedicada a uma busca que, em dado momento, parecia não mostrar frutos. Apesar de não ter vencido o Oscar, um dos melhores discursos já realizados numa cerimônia, nesse caso o Globo de Ouro, é seu.

por Luís Adriano de Lima

2 comentários:

Kamila disse...

Na categoria de Melhor Ator, apesar da vitória incontestável do Daniel Day-Lewis, achei a atuação dele, em "Lincoln", muito preguiçosa e burocrática. Para ser bem sincera, acho que Hugh Jackman tinha a melhor atuação, ao lado de Joaquin Phoenix.

Meu ranking seria: Jackman, Phoenix, Cooper, Day-Lewis e Washington.

Em Melhor Atriz, a vitória da Jennifer Lawrence era esperada, especialmente porque o Oscar tem esse histórico de premiar, nesta categoria, atrizes jovens, bonitas, vivendo o melhor momento de suas carreiras. A Jennifer teve um excelente ano de 2012 e é uma atriz talentosa. Espero que o Oscar não prejudique a sua carreira.

Meu ranking, nessa categoria: Riva, Lawrence, Chastain, Watts e Wallis.

Wanderley Teixeira disse...

Concordo com a Kamila, sou grande fã do Daniel Day-Lewis,mas prefiria nesse ano o Joaquin Phoenix.
Entre as atrizes, naum aceito a vitória de Jennifer Lawrence. Uma ótima atriz, não há dúvidas sobre isso, mas a Emmanuelle Riva é imbatível em Amor.