INDICADOS:
- “Bastardos Inglórios” (2009): Quentin Tarantino
- “Guerra ao Terror”
(2008): Mark Boal
- “Um Homem Sério” (2009): Joel Coen e Ethan Coen
- “O Mensageiro” (2009): Alessandra Camon, Oren Moverman
- “Up – Altas Aventuras” (2009): Bob Peterson, Peter
Docter e Thomas McCarthy
A categoria Melhor Roteiro Original teve indicados
interessantes. Ao menos, podemos dizer que teve um breve reconhecimento, pois
parecia ser o momento ideal, por exemplo, para dar mais uma estatueta para
"Bastardos Inglórios". Assim como na categoria Melhor Filme e Melhor
Diretor, a Academia decidiu ser unânime (como quase sempre é) e premiou “Guerra
ao Terror”, algo que já era esperado, mas não ansiosamente. O fato de
"Guerra ao Terror" ter ganhado apenas mostra um certo desleixo por
parte da Academia, afinal, ele era o Melhor Roteiro Original da noite?
Certamente que não. Claro que possui as suas qualidades, mas em um saldo final,
"Guerra ao Terror" ainda era inferior aos seus concorrentes.
"Up! – Altas Aventuras" mereceu a sua indicação.
Pois a animação realmente tem um argumento simples, mas bem elaborado; "O
Mensageiro” possui uma sinopse interessante e parece também ter merecido a sua
indicação; "Um Homem Sério" possui qualidades inigualáveis e um tom
irônico na medida certa, mas também não é um oásis no meio do deserto. Na
verdade, o filme chega a ser subestimado pelo simples fato de ser dos Irmãos
Coen, nada mais. Porém, a trama também é bem arquitetada e possui uma base
sólida para o tema em que deseja discutir. Mas, mesmo que tenhamos boas
indicações na categoria, "Bastardos Inglórios" ainda saia como o
grande vencedor, se caso o voto fosse mais "verdadeiro". Tarantino
chega ao ápice com a sua versão da Segunda Guerra Mundial. O seu roteiro é
irônico, dramático, mas ainda preza pelo entretenimento. Um blockbuster como só ele pode fazer. O
filme em si é muito bom, mas o roteiro é o protagonista do filme. Com certeza,
merecia essa vitória.
Mas
esse caso abordado acima não é novidade. Afinal, há essa questão de generalizar
as vitórias. Claro que o Melhor Filme vai ter, praticamente, todos os fatores
para ganhar nas categorias principais, mas, ainda sim, creio que seja burrice
premiar (quase sempre) unicamente apenas um filme. Não que essa situação também
seja sempre recorrente, mas é fato que a Academia gosta de ser unânime.
"Guerra ao Terror" é um bom filme, mas como era de se esperar, é um
filme esquecível e que em nada contribui. Outros filmes serão lembrados e,
ainda sim, continuaram sendo dignos de sua vitória. "Guerra ao
Terror" saiu como vitorioso, mas é "Bastardos Inglórios" é que
será lembrado como o merecedor da estatueta. Afinal, Oscar nem sempre é gosto
popular.
INDICADOS:
- “Amor
sem Escalas” (2009): Jason Reitman e Sheldon Turner
-
“Distrito 9” (2009): Neill Blomkamp e Terri Tacther
-
“Educação” (2009): Nick Hornby
- In the Loop (2009): Jesse Armstrong,
Simon Blackwell, Armando Iannucci, Tony Roche
- “Preciosa – Uma
História de Esperança” (2009): Geoffrey Fletcher
Escolhas interessantes formaram a categoria Melhor Roteiro
Adaptado, assim como Melhor Roteiro Original, porém, como analisar uma
categoria que já vem de uma adaptação? Quer dizer, a Academia analisa as
adaptações ou apenas o filme em si? Tenho pra mim que é apenas o filme, mesmo
que isso soe estranho já que a categoria depende da fidelidade do filme final
para com aquele "documento" em que ele foi baseado, mas creio que
isso também não vem ao caso agora, é uma discussão incabível, mesmo que seja
curiosa para a categoria. A categoria premiou o filme "Preciosa – Uma
História de Esperança" de Lee Daniels, baseado no livro escrito por
Sapphire. A premiação foi justa, mas também não unânime. "Preciosa"
tem uma carga dramática extrema, algo que não faz do roteiro o melhor de todos.
Afinal, a história por si só já é pesada demais. O roteiro nem precisava ser
demasiadamente elaborado. A história da protagonista já compõe todo o filme
sozinha. Mas, "Preciosa" ainda sai como ganhadora pelo fato da
história ser real ao seu conteúdo literário.
A categoria ainda incluía "Educação", In The Loop, "Distrito 9" e
"Amor sem Escalas", sendo que, "Educação" e "Amor sem
Escalas" eram os favoritos da noite. "Educação" possui um
roteiro enxuto e sutil, também pudera, afinal, o filme teve o seu roteiro
escrito unicamente pelo autor do livro homônimo, Nick Hornby. O fato de o
próprio autor ter redigido a sua própria obra deixa o filme apto à categoria,
já que, inegavelmente, a fidelidade acaba sendo maior (e melhor). Pois,
"Preciosa" foi totalmente escrita pelo roteirista Geoffrey Fletcher
que apenas se baseou no livro. O que, obviamente, já permite mudanças na obra
original (ainda que desconhecidas pra mim já que, não li o livro). O mesmo caso
de "Preciosa" ainda acontece com os demais concorrentes, já que
nenhum deles teve a mesma "sorte" de Educação. Claro que generalizar
desta maneira é errado, até mesmo porque não é toda cerimônia que tem um
roteiro com tais características, mas, naquele momento, "Educação"
ainda parecia ser o mais apto a ganhar.
Sei que o meu argumento pode não ser totalmente plausível,
mas também sei que, "Preciosa" mereceu ter ganhado, pois, por mais
que tenha uma história pesada, é necessário um bom roteiro para contorná-la e
não transformá-la em um melodrama barato (algo que, na verdade, a direção foi
mais eficaz). Sem maiores danos, digamos que a Academia tenha acertado. Fez as
escolhas certas, mesmo que tenha se esquecido de outro filmes como o caso de
"A Single Man", mas, enfim, isso já é outra história.
"Preciosa" ganhou e, diferente da categoria Melhor Roteiro
Original, não foi esquecida.
por Alan Raspante
Um comentário:
Na categoria de Roteiro Original, o meu preferido era "Bastardos Inglórios" e acho que o trabalho de Mark Boal só foi reconhecido com o prêmio porque o filme de Bigelow estava mesmo em alta no momento, sendo, inclusive, sobrevalorizado em alguns pontos, como é o caso do seu roteiro.
Já na categoria de Roteiro Adaptado, tanto valeu a pena que Fletcher vencesse quanto teria valido se o vencedor fosse Hornby por "Educação" ou Reitman e Turner por "Amor sem Escalas", já que todos são trabalhos bastante sólidos.
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