EDUCAÇÃO (An Education, 2009, 100 min)
Produção: Reino Unido / Estados Unidos
Direção: Lone Scherfig
Roteiro: Nick Hornby
Elenco: Carey Mulligan, Peter Sarsgaard,
Olivia Williams, Alfred Molina, Cara Seymour, Matthew Beard, Dominic Cooper,
Rosamund Pike, Ellie Kendrick.
Escrito pelo respeitado roteirista Nick Hornby, a produção
britânico-americana “Educação” (2009)
foi o filme a representar o cinema independente na edição de 2010. Como não
tinha muitas chances de levar o prêmio principal, a sua indicação pode ser
vista como um reconhecimento mais do que válido. O longa-metragem dirigido pela
dinamarquesa Lone Scherfig ainda recebeu mais duas nomeações, uma para Melhor
Roteiro Adaptado (Hornby) e outra para Melhor Atriz, relevando o bom trabalho
da então novata Carey Muligan. A trama ambientada nos anos 60 acompanha o
cotidiano suburbano da adolescente Jenny (Muligan) em uma Londres ainda com
ares conservadores.
De aluna aplicada e ingênua, acompanhamos a transformação
de Jenny quando ela conhece e se envolve com o playboy David (Peter Sarsgaard).
Mais velho e experiente que a mocinha, o homem lhe apresenta um leque de novas
possibilidades, a guiando por uma vida mais mundana, prazerosa e menos
acadêmica. Claro que como boa adolescente, a menina fica deslumbrada pelas
noitadas regadas a bons vinhos, viagens e de desapego pela responsabilidade. Em
certo momento, o pai de Jenny, vivido com competência por Alfred Molina, cita o
movimento beat e como eles estavam
influenciando negativamente o mundo. Sabe-se que os beatniks foram mais do que importantes para a revolução da
contracultura, mas “Educação” passa longe de divagar sobre o assunto, a citação
surge apenas como uma forma de exaltar o preconceito conservador de um pai de
família tradicionalista.
O bon-vivant
David é também um sedutor, não apenas seduzindo Jenny, mas sua família inteira
e levantando interrogações sobre o futuro da menina. Nesse dilema é que a trama
se situa: Jenny deveria largar seus estudos e um promissor futuro para viver de
amor com David? Ou deveria primar por não ser sustentada por um homem e ter uma
vida independente? Até hoje essa é uma difícil resposta. Com um mote principal
definido, testemunhamos os momentos de luxúria da moça, assim como
diagnosticamos sua ingenuidade perante um sujeito no mínimo de caráter
duvidoso. No entanto, Jenny se sente tão tentada a idealizar aquela vida cheia
de glamour, que trai seus próprios princípios e faz vista grossa para os atos
reprováveis de seu amado. Os parceiros constantes nas peripécias do casal
protagonista é outro casal não menos festeiro, vividos por Dominic Cooper e
Rosamund Pike.
Apesar de parecer um filme menor, intimista até, “Educação”,
além de tratar com propriedade dos conflitos de sua protagonista, procura
levantar questões pertinentes ao cotidiano feminino. Com uma montagem enxuta, o
filme poderia render mais digressões, mas não chega a ser um problema que
diminua o teor do filme. A ciranda de amadurecimento proposta pelo roteiro de
Hornby é bem delineada pela diretora Lone Scherfig e a atuação de Carey Muligan
é suficientemente convincente. Alguns creditaram o bom trabalho da atriz à
direção de atores competente de Scherfig. Talvez a diretora tenha influenciado
positivamente Muligan, mas o talento da jovem atriz era evidente e não demorou
a ser confirmado em produções posteriores.
INDICAÇÕES:
1. Melhor Filme: Finola Dwyer e Amanda Posey
2. Melhor Atriz: Carey Mulligan
3. Melhor Roteiro Adaptado: Nick Hornby
por Celo Silva
Um comentário:
A interpretação de Carey Mulligan é mesmo muito boa e penso que a indicação ao Oscar tenha valido para que ela fosse lançada comercialmente e mais bem explorada nos filmes que viriam depois, como "Shame" e "Drive".
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