sábado, 19 de janeiro de 2013

Melhor Ator / Melhor Atriz




INDICADOS:
- Dustin Hoffman por “Rain Man” (1988)
- Gene Hackman por “Mississipi em Chamas” (1988)
- Edward James Olmos por “O Preço do Desafio” (1988)
- Max Von Sydow por “Pelle, o Conquistador” (1987)
- Tom Hanks por “Quero Ser Grande” (1988)

Em 1989, pode-se dizer que nenhum dos cinco indicados na categoria Melhor Ator era novato, uma vez que todos eles já eram satisfatoriamente conhecidos do público, seja por suas participações no cinema ou na TV. Dos cinco nomes que compunham essa categoria, dois já haviam sido indicados anteriormente – aliás, esses dois, Gene Hackman e Dustin Hoffman, já haviam inclusive vencido nessa mesma categoria. Em relação aos atores estreantes na categoria, dois deles – Tom Hanks e Max Von Sydow – apareciam outras vezes na lista dos indicados.

Tom Hanks é o único dessa lista a ser indicado por um filme notadamente de comédia. Em “Quero Ser Grande”, apesar do corpo adulto, Hanks interpreta um garoto de 12 anos cujo desejo foi atendido: tornou-se grande. As situações são diversas – todas de natureza cômica –, uma vez que a maturidade do rapaz obviedade não corresponde àquela que se espera que ele tenha. O filme possui uma cena clássica: aquela em que Hanks e Robert Loggia tocam Heart and soul e, logo em seguida, Chopsticks num piano no chão numa loja de brinquedos. Ele concorreria ainda outras quatro vezes: em 1994 e em 1995, anos em que foi premiado, e em 1999 e 2001. Se, aos 33 anos, Hanks era o ator mais jovem indicado aquele ano, Max Von Sydow era o mais velho (60 anos) e também o único estrangeiro. O ator sueco competiu pelo seu desempenho na obra “Pelle, o Conquistador”, filme que aborda a vida dos emigrantes que deixaram a Suécia em busca de melhores condições de vida na Dinamarca. A segunda nominação de Sydow foi ano passado, aos 83 anos, na categoria Melhor Ator Coadjuvante pelo filme “Tão Forte e Tão Perto” (2011).

Edward James Olmos talvez não fosse verdadeiramente conhecido do grande público que freqüenta o cinema. O ator, afinal, participava de muitas séries de TV como coadjuvante, até finalmente ser chamar a atenção pelo seu desempenho na obra “O Preço do Desafio”, na qual ele dá vida a um professor de matemática de uma escola para hispano-americanos que parece não ter qualquer funcionalidade, já que os alunos simplesmente não aprendem. O desafio a que o título se refere é justamente a transformação pela qual os alunos de Jaime Escalante, personagem de Olmos, passarão. O ator é o único dentre os cinco a não ser indicado novamente e é também o único a interpretar um personagem real. Gene Hackman já estava em suas quarta nominação, a qual se deu pela sua interpretação no filme “Mississipi em Chamas”, que discorre a respeito de crimes polêmicos num dos estados mais preconceituosos dos Estados Unidos. Hackman já havia concorrido em ambas as categorias: como Melhor Ator Coadjuvante em 1968 – e seria nominado e premiado nessa mesma categoria mais uma vez, em 1993 –, e como Melhor Ator em 1971 e 1972, ano em que venceu.

Por fim, o último nominado é justamente o vencedor: Dustin Hoffman. O ator, que já havia sido indicado em 1968, 1970, 1975, 1980 e 1983, recebe seu segundo prêmio. Tendo ganhado anteriormente por “Kramer vs. Kramer” (1979), agora Hoffman vence pelo road-movie “Rain Man”, no qual ele interpreta um autista que recebe uma herança imensa do seu pai e cujo irmão, que jamais soube de sua existência, decide tirá-lo do hospital psiquiátrico a fim de conseguir parte do dinheiro. Todas as indicações de Hoffman foram na categoria de atuação masculina principal e ele receberia ainda uma sétima indicação em 1998, perdendo para Jack Nicholson. Algo de interessante a se observar nessa categoria é que todos atores, salvo Sydow, são californianos e competiram também pelos mesmos desempenhos no prêmios do Globo de Ouro.


INDICADAS:
- Glenn Close por “Ligações Perigosas” (1988)
- Jodie Foster por “Acusados” (1988)
- Melanie Griffith por “Uma Secretária de Futuro” (1988)
- Meryl Streep por “Um Grito no Escuro” (1988)
- Sigourney Weaver por “Nas Montanhas dos Gorilas” (1988)

Enquanto apenas um dos atores indicados na categoria Melhor Ator tinha menos de 40 anos, apenas uma das atrizes indicadas na categoria Melhor Atriz tinha mais de 40: Glenn Close. Também em oposição à categoria masculina, todas as atrizes nominadas eram norte-americanas e apenas uma delas jamais havia recebido indicações prévias: Melanie Griffith. Ainda, podemos citar uma característica curiosa aqui: das cinco indicadas, duas interpretavam personagens reais (Meryl Streep e Sigourney Weaver) e uma, Jodie Foster, interpretava uma personagem baseada numa figura real. Aos 27 anos, Foster era a mais jovem; aos 40 anos, Meryl Streep era decerto a mais veterana das indicadas; e Sigourney Weaver detinha naquele ano uma distinção notável: tornou-se um dos poucos intérpretes a conquistar dupla nominação em categorias de atuação.

A mais jovem – Jodie Foster – não era novata. Já havia sido indicada 12 anos antes na categoria Melhor Atriz Coadjuvante ao interpretar Íris, a prostituta-mirim de “Taxi Driver” (1976). Em 1989, destaca-se como Sarah Tobias, jovem que diz ter sido estuprada num bar, mas cujo comportamento dito provocativo é colocado o tempo todo como justificativa pelo que lhe aconteceu. Essa personagem lhe rendeu seu primeiro Oscar. Mais tarde, em 1992, viria a segunda estatueta, pelo filme “O Silêncio dos Inocentes” (1991); havia ainda para a coleção da atriz outra quarta nominação em 1995, por “Nell” (1994). Mas é curioso observar que "Acusados" concorreu somente na categoria Melhor Atriz e venceu - a última vez que isso havia acontecido foi em 1958, 31 anos antes, quando Joanne Woodward venceu como Melhor Atriz por "As Três Faces de Eva" (1957), na única nominação em que o filme concorria. Melanie Griffith, como uma garota de poucos recursos, mas com ambição e inteligência, é a verdadeira novata da categoria, indicada pelo filme “Uma Secretária de Futuro”, no qual atua com Harrison Ford e Sigourney Weaver, contra quem, por ironia, acabou competindo. Sigourney Weaver, cujo debute no Oscar aconteceu em 1987, chamou a atenção para dois de seus desempenhos no ano de 1988, o que lhe rendeu indicações tanto como Melhor Atriz Coadjuvante, pelo filme de Nichols estrelado por Griffith, quanto como Melhor Atriz pela cinebiografia de Dian Fossey, cientista que se ocupa em descobrir o desaparecimento de gorilas numa montanha na África e cuidar para que não haja mais abates aos animais. Weaver é a quinta intérprete a ser nominada em ambas as categorias no mesmo ano e também a primeira a não ganhar por nenhuma das indicações, caracterizando o ano de 1989 para a atriz como ano de sucesso e fracassos duplos.

Finalmente, as grandes veteranas daquele ano. Como a Marquesa de Merteuil, uma mulher refinada que faz jogos perigosos de sedução na corte do século XVIII, Glenn Close chegou em 1989 à sua quinta nominação e ainda não tinha vencido. Concorreu como Melhor Atriz Coadjuvante em 1983, 1984 e 1985, e como Melhor Atriz em 1988. Em 2012, com mais uma indicação na categoria principal e mais uma derrota, a atriz se distingue como a atriz viva com o maior número de indicações sem vitórias. Vale lembrar que outras duas atrizes – Deborah Kerr e Thelma Ritter – também detêm esse recorde, mas Close é a única dentre elas que ainda pode mudar sua atual situação de “a maior perdedora”. Meryl Streep é Lindy Chamberlain, uma australiana que vive o desespero de ter o filho assassinado por um dingo durante um acampamento no deserto – mais desesperador ainda é não acreditarem em sua história e acusarem-na de ter provocado a morte da própria filha e orquestrado seu desaparecimento. Streep, cuja estréia no Oscar foi em 1979, celebra o aniversário de 10 anos de sua primeira indicação com mais uma indicação. Seus números são curiosos: era a sexta indicação na década de 1980 (1982, 1983, 1984, 1986, 1988, 1989); era sua oitava indicação na carreira (além dos anos já mencionados, havia sido indicada previamente como Melhor Atriz Coadjuvante em 1979 e 1980); já havia conquistado dois prêmios (em 1980 e 1983); e aquela era a segunda de três vezes – sempre na categoria Melhor Atriz – que competiria com Glenn Close, tendo sido a anterior em 1988 e a seguinte em 2012, quando a venceu.

2 comentários:

Kamila disse...

Meus favoritos, nesse ano: Gene Hackman, por "Mississipi em Chamas". Em Melhor Atriz, fico dividida entre Meryl Streep, por "Um Grito no Escuro", e Glenn Close, por "Ligações Perigosas". Acho a performance da Jodie Foster em "Acusados" muito forte, mas acredito que Streep e Close estavam bem melhores. Foi uma decisão difícil da AMPAS... Uma categoria bastante equilibrada.

Serginho Tavares disse...

Adoro a Jodie mas a melhor atriz aquele ano foi Glenn Close e o melhor ator...Gene Hackman, com certeza