quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Opiniões - Parte 5




A edição de 1989 apresentou um Oscar bastante diferenciado. Atores que ao longo de suas carreiras foram se consagrando (premiados ou não), diretores esquecidos tanto pela crítica quanto pelo público, e, claro, alguns dos filmes mais lembrados da história do Cinema. Naquele ano, a comédia estava em alta, e, mesmo que um filme genuinamente dramático tenha levado os prêmios nas principais categorias, sempre tinham dois ou três ótimos filmes de comédia na disputa. Esse é o caso de "Quero Ser Grande" (1988), que deu a primeira indicação de Tom Hanks ao cobiçado prêmio; e "Um Peixe Chamado Wanda" (1988), comédia à la Monty Phyton e que arrebatou multidões ao exibir alguns grandes talentos do gênero, como Kevin Kline e Jamie Lee Curtis.

Correndo um pouco atrás, "Uma Secretária de Futuro" (1988), também indicado a Melhor Filme, recebeu algumas indicações um tanto exageradas, como é o caso da indicação de Melanie Griffith, que, embora estivesse bem no filme, parece ter sido incluída num excesso por parte dos votantes da Academia. Mike Nichols, diretor do longa, é um exímio profissional, mas tem nesse trabalho talvez uma de suas mais fracas jornadas, evidenciando um exagero, que, provavelmente, se deve pelo nome do diretor em meio ao projeto.

Meryl Streep, arroz de festa, estava lá com seu "Um Grito no Escuro" (1988) e isso serve mais como uma curiosidade, não figurava entre as favoritas. Será que naquela época as atrizes já se enchiam da boa cara de Streep entre as cinco indicadas? Risos. Naquela época, a garotinha fútil de Manhattan já fazia miséria em seus trabalhos. Porém, como todo mundo já sabe, 1989 foi o ano de Jodie Foster. Tão cultuada nos anos seguintes, Foster conquistou ali seu primeiro Oscar, proveniente de seu trabalho como a sofrida Sarah Tobias de "Acusados" (1989), e não parou mais. Três anos depois, Foster estaria no mesmo lugar para receber sua segunda estatueta dessa vez por “O Silêncio dos Inocentes” (1991).
 
Geena Davis e Kevin Kline foram eleitos os coadjuvantes do ano e, com certeza, isso se deu num momento inspirado da Academia, que premiou dois trabalhos absurdamente diferentes, mas com apelo igualáveis a categoria principal de atuação. Genna, em “O Turista Acidental” (1988), e Kline, em "Um Peixe Chamado Wanda", mereceram, de fato, suas indicações e seus prêmios, mesmo que ainda fosse possível encontrar trabalhos tão bons quanto os vencedores. Por exemplo, ainda tínhamos concorrendo ao prêmio de coadjuvante o saudoso "Rio" da família Phoenix, que entrou em ecstase ao ver Kline subir ao palco pra buscar seu Oscar.

Acima de tudo, essa edição da premiação pareceu bastante justa. Dificilmente encontraremos alguém discutindo ou mesmo colocando em cheque alguns dos trabalhos vencedores do prêmio. Talvez, e isso hoje, alguns se sintam incomodados com o Oscar de Melhor Filme para o caloroso "Rain Man" (1988), que passou de clássico do Cinema a errado e subestimado em pouco mais de vinte anos. Vale recordar ainda da ilustre presença de Charles Crichton, veterano diretor de comédias, que voltou a cena indicado ao prêmio de melhor realizador. Uma grata e singela surpresa.

por Gustavo Pavan

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