terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Opiniões - Parte 4



Melanie Griffith: nominada como Melhor Atriz.

Duas características praticamente definem a maioria dos filmes nomeados a categoria principal da 61ª edição do Oscar: ou viraram clássicos ou envelheceram mal. Sobre a primeira consideração depois dos dois pontos, entram “Rain Man”, de 1988, (vencedor do prêmio de Melhor Filme), “Ligações Perigosas” (1988) e “Mississipi em Chamas” (1988), enquanto na segunda, de conotação mais negativa, podem ser atribuídos “O Turista Acidental” (1988) e “Uma Secretária de Futuro” (1988), filmes poucos lembrados atualmente. No entanto, ainda que hoje esquecidos, foram produções significativas para sua época. Um trazia o diretor americano Lawrence Kasdan, então reverenciado como um novo talento, principalmente pelas suas obras anteriores, “Silverado” (1985) e “O Reencontro” (1983), e o outro, dirigido pelo talentoso Mike Nichols, ainda contava no elenco com Melannie Griffith, Sigourney Weaver e Harrison Ford, trinca de estrelas em evidência.

Não precisa nem de um olhar mais clínico para se perceber que o ano de 1989 não foi um dos melhores para o cinema americano. Contando com filmes que entraram para a memória afetiva de muita gente, a 61ª edição era popular, mas carecia de filmes com temáticas mais interessantes. O vencedor “Rain Man” foi importante para trazer a tona a problemática do autismo, contava com boas atuações, mas não dá para dizer que a trama realmente empolgava. Dirigido por Alan Parker, “Mississipi em Chamas” voltava sua mira para os conturbados anos sessenta, quando a famigerada Ku Klux Klan ainda impunha sua lei brutal no estado. No entanto, o filme esvazia seu tema e aposta em uma pegada de thriller. Talvez o terceiro longa-metragem do inglês Stephen Frears, “Ligação Perigosa”, seja o filme mais atemporal e logo também o mais empolgante com sua trama que enfoca um joguete amoroso na França do Século XVIII.

Contudo, a premiação contou com filmes periféricos, não indicados para as categorias principais, tão ou mais interessantes que os nomeados. São eles: “O Preço do Desafio” (1988), de Ramon Menedez, “Acusados” (1988), de Jonathan Kaplan (que rendeu o Oscar de Melhor Atriz a Jodie Foster), “Nas Montanhas dos Gorilas” (1988), de Michael Apted (também com Sigourney Weaver), a deliciosa comédia “Um Peixe Chamado Wanda” (1988), de Charles Crichton e o vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, o dinamarquês “Pelle, O Conquistador” (1987). Em uma época que dificilmente uma produção de língua não inglesa entraria entre os principais, o filme dinamarquês co-protagonizado pela lenda chamada Max Von Sydow, poderia facilmente entrar entre os finalistas de Melhor Filme.

Entre as atuações, foi prazeroso descobrir o potencial de um jovem Tom Hanks em “Quero Ser Grande”, de 1988, (sua primeira indicação), à medida que a vitória de Dustin Hoffman poderia ser até considerada como certa. A caracterização de Hoffman como um autista foi realmente marcante. De certa forma, foi uma surpresa a vitória de Jodie Foster, principalmente por suas concorrentes da época, principalmente Glenn Close e Meryl Streep, já serem atrizes consolidadas. A Academia seguiu a linha de consagrar “Rain Man” pela sua importância e além de Melhor Filme, também o premiou com Melhor Diretor (Barry Levinson), Melhor Ator (Hoffman) e Melhor Roteiro Original (Ronald Bass e Barry Morrow).

Como citei em certa parte do texto, a 61ª edição trouxe muitos filmes que entraram para o imaginário e a memória afetiva do público e cinéfilos em geral, contudo, nenhum deles chegou a ser uma verdadeira obra-prima. O resultado final comprova como a Academia tinha (ou tem) apreço por premiar obras de caráter social relevante. 

por Celo Silva

Nenhum comentário: