terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Quero Ser Grande



QUERO SER GRANDE (Big, 1988, 104 min)
Produção: Estados Unidos
Direção: Penny Marshall
Roteiro: Gary Ross e Anne Spielberg
Elenco: Tom Hanks, Elizabeth Perkins, Robert Logia, John Heard, Jared Rushton, David Moscow, Jon Lovitz, Mercedes RuehlJosh Clark.

Antes de qualquer consideração, acho importante ressaltar que Quero Ser Grande” (1988) foi um dos filmes mais assistidos durante a minha infância. Claro que naquela época, a obra dirigida pela diretora americana Penny Marshall me chamava atenção por outras características, a principal, certamente, era a magia de transformar uma criança em adulto e ainda assim manter aquele adulto com a mentalidade de uma criança. Assistido a exaustão, como já citei no inicio do texto, talvez eu não tivesse em mente revê-lo nunca mais. Entretanto, a incumbência de resenhá-lo para a análise da 61ª edição do Oscar (1989) me fez retornar a essa obra de uma época menos pretensiosa e saudosa da minha vida. Acho que não precisaria dizer que o viés de interpretação hoje é outro, mas como gosto de, por vezes, ser redundante, aqui deixarei essa última sentença desnecessária.

Como entretenimento, “Quero Ser Grande” ainda continua divertido, apesar de hoje vê-lo com certa melancolia em detrimento a gozação de outrora. Curiosamente, ao contrário do que eu imaginava ou até lembrava, o filme não envelheceu tão mal e ainda continua tendo aspirações bem atuais, principalmente ao que toca sobre a predileção do mercado de trabalho por executivos jovens e com idéias criativas. Digo isso, porque o protagonista, Josh Baskin (Tom Hanks), ascende profissionalmente na empresa que arruma trabalho (uma indústria de brinquedos), para se bancar em sua fase adulta, quando expõe as idéias advindas de sua mente de um garoto de treze anos. No entanto, apesar do roteiro original, indicado ao Oscar, escrito por Gary Ross e Anne Spielberg manter ainda sua vivacidade e esperteza, o que mais me chamou a atenção nessa revisão foi à semelhança, guardadas as devidas proporções, entre Josh Baskin e Forrest Gump, ambos interpretados por Tom Hanks.

Esse último personagem citado no parágrafo acima rendeu o segundo Oscar seguido de melhor ator a Tom Hanks e são evidentes as conformidades com o protagonista de “Quero Ser Grande”, que proporcionou ao ator, até então subestimado, a sua primeira indicação na categoria. No meu ponto de vista, acredito que o Josh Baskin de Hanks creditou o ator para o desafio de interpretar Forrest Gump. Essa afirmação parte do principio de que o filme de Robert Zemeckis (saudado como um dos melhores filmes norte-americanos da década de 90), trazendo um protagonista adulto com atraso mental, lida com uma temática delicada e uma atuação menos singela poderia render uma alegoria de mau gosto. Em “Quero Ser Grande”, talvez essa supracitada capacidade do ator de extrair ternura de um personagem “abobalhado” seja a maior qualidade da sua interpretação. Pode-se dizer que aqui, pela primeira vez, Hanks, mescla com sutileza e naturalidade, apesar de alguns exageros, uma personalidade infantil com seu físico adulto.

Para quem desconhece o filme, a trama de “Quero Ser Grande” conta a história de um menino de treze anos, com as dúvidas características da idade, que ao confrontar uma máquina mágica em um parque de diversões, deseja ser adulto e tem seu pedido prontamente atendido. Como um bom conto de fadas, o filme traz problemáticas, assim como cenas edificantes e momentos marcantes, com destaque para a cena em que o protagonista toca um imenso piano com os pés. Para os dias politicamente corretos de hoje, visto que estamos falando de uma obra cinematográfica de caráter mainstream, vejo ainda um bocado de ousadia por parte do roteiro em constituir um caso amoroso, com suposições sexuais, entre um garoto de treze anos (ainda que em um corpo de trinta) com uma mulher madura. Entretanto, isso nem chega a me incomoda e também creio ser uma das propriedades que faz de “Quero Ser Grande” um clássico dos anos 80.

INDICAÇÕES:
1. Melhor Ator: Tom Hanks
2. Melhor Roteiro Original: Anne Spielberg e Gary Ross

por Celo Silva

3 comentários:

Hugo disse...

Até então Hanks era visto apenas como um comediante, algo semelhante a um Adam Sandler atual.

O filme fez a crítica olhar diferente para Hanks, que nos trabalhos seguintes confirmou seu talento.

Sem esquecer que o filme é divertido, provavelmente o melhor deste estilo de troca de corpos.

Abraço

Serginho Tavares disse...

eu adoro este filme e me traz tão boas lembranças...
bons tempos

Emerson Silva disse...

COncordo Serginho, boas lembranças de assistir Sessão da Tarde com a tranquilidade e ingenuidade de criança!